A ética protestante ou a ética do racional é fruto do abandono da
religião como base fundamental para sua construção e é o aspecto que norteia a
produção e a existência moderna, sobretudo pós-moderna. O homem deixou de ‘se
deixar guiar’ pela religião e pelos valores que ela priorizava e, aos poucos, a
sociedade experimentou o vazio desses valores e de outros ideais – não em sua
totalidade, claro. Toda essa mudança ocorreu em prol da necessidade da nova
dinâmica econômica, do ritmo capitalista.
Não que os avanços nas
comunicações, nas ciências médica e farmacológica, nos transportes e em outras
áreas, bem como a grande e geral racionalização provocada, sejam negativos. No
entanto, essa dominação de mundo não
se revela tão positiva e vantajosa frente o crescente número de patologias da
atualidade. Alguns diriam que o aumento da longevidade tenha proporcionado o
experimentar de novas doenças e situações pelo homem, mas não se explicaria o
aumento das patologias de fundo emocional e psicológico entre crianças, adolescentes
e adultos; tampouco as doenças ligadas ao estresse, à má alimentação, o sono
irregular, etc.
Além disso, não é incomum o
estranhamento de gerações anteriores frente à postura das gerações atuais,
vazias de sentido, de ideologia, de atitude – quase apáticas perante alguns
aspectos da realidade, principalmente com a política e a economia. O homem
atual pode ter mesmo conquistado em muito esse mundo, mas não sabe o que fazer
com essa conquista ou qual o seu propósito. A ampliação econômica e consumista
parecem não preencher esse vazio.
E essa nova ética foi tão bem
engendrada dentro do capitalismo que é algo proposital, um ciclo vicioso. Num
primeiro momento preza-se pela frugalidade e pelo contencionismo econômico. A
vida contida e voltada apenas para
esse foco leva o homem a um profundo sentimento de vazio apesar de todo o
sucesso econômico. Então, o próprio capitalismo estimula o consumo como remédio
para esse vazio existencial, numa ação quase contraditória. E, depois de
descompensados os gastos, vem os economistas e entendedores do mercado e da
economia doméstica pregar o velho contencionismo e a conhecida frugalidade.
O capitalismo transformou os
homens e fez com que a maioria deles esquecesse o que existia antes, o que
preenchia e guiava a vida antes do ‘mercado’.
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