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domingo, 19 de agosto de 2012

Dominamos e fomos dominados


A ética protestante ou a ética do racional é fruto do abandono da religião como base fundamental para sua construção e é o aspecto que norteia a produção e a existência moderna, sobretudo pós-moderna. O homem deixou de ‘se deixar guiar’ pela religião e pelos valores que ela priorizava e, aos poucos, a sociedade experimentou o vazio desses valores e de outros ideais – não em sua totalidade, claro. Toda essa mudança ocorreu em prol da necessidade da nova dinâmica econômica, do ritmo capitalista.
Não que os avanços nas comunicações, nas ciências médica e farmacológica, nos transportes e em outras áreas, bem como a grande e geral racionalização provocada, sejam negativos. No entanto, essa dominação de mundo não se revela tão positiva e vantajosa frente o crescente número de patologias da atualidade. Alguns diriam que o aumento da longevidade tenha proporcionado o experimentar de novas doenças e situações pelo homem, mas não se explicaria o aumento das patologias de fundo emocional e psicológico entre crianças, adolescentes e adultos; tampouco as doenças ligadas ao estresse, à má alimentação, o sono irregular, etc.
Além disso, não é incomum o estranhamento de gerações anteriores frente à postura das gerações atuais, vazias de sentido, de ideologia, de atitude – quase apáticas perante alguns aspectos da realidade, principalmente com a política e a economia. O homem atual pode ter mesmo conquistado em muito esse mundo, mas não sabe o que fazer com essa conquista ou qual o seu propósito. A ampliação econômica e consumista parecem não preencher esse vazio.
E essa nova ética foi tão bem engendrada dentro do capitalismo que é algo proposital, um ciclo vicioso. Num primeiro momento preza-se pela frugalidade e pelo contencionismo econômico. A vida contida e voltada apenas para esse foco leva o homem a um profundo sentimento de vazio apesar de todo o sucesso econômico. Então, o próprio capitalismo estimula o consumo como remédio para esse vazio existencial, numa ação quase contraditória. E, depois de descompensados os gastos, vem os economistas e entendedores do mercado e da economia doméstica pregar o velho contencionismo e a conhecida frugalidade.
O capitalismo transformou os homens e fez com que a maioria deles esquecesse o que existia antes, o que preenchia e guiava a vida antes do ‘mercado’. 

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