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domingo, 21 de outubro de 2012

Realidade x idealização


    Sabe-se que a fertilidade presente, a qual se vivencia na dimensão dos direitos e liberdades individuais, tiveram sua origem nos ideais iluministas. A ‘revolução’ estava carregando o novo, uma nova realidade, um novo ‘código’ que superaria por completo o antigo e uma nova dinâmica para a realidade. Um direito racional surge, mas sem abandonar por completo um tipo de bem valioso, não à sociedade da época, mas ao homem em geral: os valores.
  Sim, a realidade mudou muito, mas não abandonou por completo velhos padrões que convivem até hoje na sociedade. Os valores permanecem, de forma a garantir os interesses de uma classe e garantir os de outra na medida em que for conveniente á primeira. O direito formal – posto pela classe dominante – em choque com os direitos individuais.
  O embate produz uma mescla que impregna a realidade com um contraste duro, o qual envolve as pessoas na busca por compreensão da dinâmica social. Ele se resume no resultado da equação entre o capitalismo e as revindicações da sociedade, entre o direito puramente racional e o direito natural. Não há mais racionalidade cartesiana pura, mas sim mistura e disputa de direitos individuais, de seus valores agregados; de interesses concorrentes.
  Com base nisso, não se pode esquecer que todos os aspectos da realidade moderna estão embebidos nesse ‘conflito’ e que seus fatores devem ser levados em conta. Se as discussões acerca de assuntos tangentes às ações político-sociais antes de começarem levassem em conta como as coisas realmente funcionam¸ que tudo é parte de um jogo de interesses¸ se compreenderia que uma coisa é o que idealizamos e outra o que interessa àqueles que têm de agir. Uma coisa é o que a sociedade tem por justo, legítimo, responsável, digno e por outros valores tantos; outra completamente diferente é o conjunto de aspectos que buscam as pessoas que governam ou àquelas que criticamos por qualquer motivo que seja.
  Não se deve através dessa compreensão se colocar ‘fora’ da realidade e dos acontecimentos das coisas, ou se tornar indiferente – a indiferença que tanto trata a música Solo Le pido a Dios, interpretada por Mercedes Sosa -, mas deve-se ter consciência de como a dinâmica realmente é e não como gostar-se-ia que ela fosse.

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