Sabe-se
que a fertilidade presente, a qual se vivencia na dimensão dos direitos e
liberdades individuais, tiveram sua origem nos ideais iluministas. A ‘revolução’
estava carregando o novo, uma nova realidade, um novo ‘código’ que superaria
por completo o antigo e uma nova dinâmica para a realidade. Um direito racional
surge, mas sem abandonar por completo um tipo de bem valioso, não à sociedade
da época, mas ao homem em geral: os valores.
Sim, a
realidade mudou muito, mas não abandonou por completo velhos padrões que
convivem até hoje na sociedade. Os valores permanecem, de forma a garantir os
interesses de uma classe e garantir os de outra na medida em que for
conveniente á primeira. O direito formal – posto pela classe dominante – em
choque com os direitos individuais.
O embate produz uma mescla que impregna a
realidade com um contraste duro, o qual envolve as pessoas na busca por
compreensão da dinâmica social. Ele se resume no resultado da equação entre o
capitalismo e as revindicações da sociedade, entre o direito puramente racional
e o direito natural. Não há mais racionalidade cartesiana pura, mas sim mistura
e disputa de direitos individuais, de seus valores agregados; de interesses
concorrentes.
Com base nisso, não se pode esquecer que todos os aspectos da realidade
moderna estão embebidos nesse ‘conflito’ e que seus fatores devem ser levados
em conta. Se as discussões acerca de assuntos tangentes às ações político-sociais
antes de começarem levassem em conta como as
coisas realmente funcionam¸ que tudo é parte de um jogo de interesses¸ se compreenderia que uma coisa é o que idealizamos
e outra o que interessa àqueles que têm de agir. Uma coisa é o que a sociedade tem
por justo, legítimo, responsável, digno e por outros valores tantos; outra completamente
diferente é o conjunto de aspectos que buscam as pessoas que governam ou
àquelas que criticamos por qualquer motivo que seja.
Não se deve através dessa compreensão se colocar ‘fora’ da realidade e
dos acontecimentos das coisas, ou se tornar indiferente – a indiferença que tanto
trata a música Solo Le pido a Dios, interpretada
por Mercedes Sosa -, mas deve-se ter consciência de como a dinâmica realmente é
e não como gostar-se-ia que ela fosse.
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