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domingo, 21 de outubro de 2012

Direito(s): gradualmente (ir)racional.



                E, mais uma vez, nos voltamos a esse constante questionamento que norteia grande parte de nossas leituras: o que nos faz modernos? A modernidade se ergue sobre que bases? Mais do que depressa, nossa mente já condicionada por anos, nos remete a algumas palavras chaves, como Revolução e Burguesia. E como esse contexto se relaciona com o Direito?
                Fato é que o Direito, na modernidade, passa a ser visto como uma Ciência. Apesar de as discussões perdurarem até os dias atuais, tentou-se delimitar seu objeto de estudo e afastá-lo de tudo aquilo que podia ser considerado “irracional”, uma vez que a ciência preza pela razão e neutralidade.
                Porém, na prática, segundo Max Weber, temos um Direito no qual a razão não é acompanhada pela neutralidade, e sim pela razoabilidade. Razoabilidade de acordo com os ideais, os pensamentos de um único grupo, uma única classe (mais poderosa), o que pode ser absurdo para outro grupo de pessoas. Para ele, não temos uma ciência pura, e sim, uma que se modifica de acordo com os valores de parcelas da sociedade, inicialmente burguesa, e, depois, influenciada por grupos de pressão de minorias. Assim, o Direito pode até ser visto como adaptável. Adaptável e razoável... Tão... manipulável...
                Aliás, tal razoabilidade não influenciou apenas o Direito. Influenciou e padronizou a sociedade como um todo. O que é razoável dentro da mentalidade burguesa, que, por sinal, nos acompanha até hoje? É racional que procuremos nossa felicidade. Felicidade que pode ser expressa, na prática, por um sucesso profissional e pessoal. Poderia ser relativo, indo de encontro com os interesses individuais, mas os livros de autoajuda serem Best-sellers mostram que não. Temos uma felicidade padronizada e, muitas vezes, pessoas diferentes acreditam que devem passar pelos mesmos passos para obtê-la. Afinal, ser uma pessoa rica, bonita (isso inclui ser magra?) e com uma família de comercial de margarina é estar no apogeu da felicidade, não é mesmo?!
Qual calouro de Direito, em conversa com veteranos, nunca se deparou com um sonoro “O primeiro conceito que cai na Universidade é a Justiça”?! Assim, nos deparamos com dois pontos: o primeiro é a contraposição do Direito racional, o Direito lei, que é o aplicado, e o Direito como a realização da Justiça, baseado no sentimento da sociedade. E o segundo, paralelamente, é que a razão com a qual estamos trabalhando não é a racionalidade. Talvez, estejamos trabalhando, na verdade, com a irracionalidade, desde que ela seja razoável para os fins da sociedade. Sociedade em transformação? Talvez. Mas essa transformação anda de mãos dadas com a padronização e é, portanto, gradual. Estaríamos, assim, avançando gradualmente até chegarmos à racionalidade ou apenas chegaremos a um novo tipo de irracionalidade maquiada com a razão da ciência?

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