Estigmatização da
justiça
Tratar o direito como uma linha de montagem e esquecer, na
maioria das vezes, a justiça. Esse é o tema principal do filme Código de
Conduta que aborda os defeitos do sistema judiciário positivado que vive em
função de leis e códigos alienando-se da realidade.
A maioria dos estudantes e operadores do Direito veem nesses
códigos a verdade absoluta, o símbolo de uma justiça e os tomam como uma
receita a ser seguida. Mas os sistemas normativos podem ser incoerentes com o
que podemos tomar como justo e certo. Por exemplo, uma desapropriação de
moradia por falta de pagamento de um aluguel ou de parcelas pode estar dentro
da lei. No entanto, pode deixar desamparada uma família inteira. Será isso
justo ?
O caso da justiça criminal é também muito sério. Pois, há
tendência maior de a interferência de elementos externos, como a mídia e a
opinião pública , promover uma pressão forte afim de reforçar a severidade das
leis o que pode afetar a verdadeira justiça. O senso comum da consciência coletiva
culmina em uma série de atitudes arbitrárias. Estigmatizar a imagem de uma
pessoa que comete um ato desviante e
julga-la em jornais e programas sensacionalistas só contribuem para inserir
cada vez mais essa pessoa no mundo do crime. Essa pressão nos tribunais e
advogados de defesa só servem para criar uma justiça ilusória apoiada por leis que dão a sensação de segurança e
garantem punições severas, mas que não analisam a realidade social afim de
criar medidas preventivas mais eficazes
e, consequentemente, mais justas.
Não acredito em “alguma justiça”, essa expressão soa como
algo ilusório, falso e artificial. E é
por causa dessas “algumas justiças” que a sociedade está vedada para uma
verdadeira justiça que não está só expressa em códigos, mas nos contextos e
fatos sociais do cotidiano.
Jéssica Thais de Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário