Para Durkheim, nas sociedades tradicionais existe um conceito chamado solidariedade mecânica, na qual a semelhança de costumes, tradições ou qualquer outro nome que você dê para uma homogeneidade das relações sociais criam um fator de coesão social. Nesse ínterim, cria-se uma série de normas padrões em grupos sociais que não são exatamente positivas, porém valem como regra geral para seus participantes.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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segunda-feira, 1 de abril de 2024
Tribunal do cancelamento como coesão social
Logo, pode-se afirmar que a internet e todas as redes de comunicação podem ser atribuídas como um desses grupos que atribuem uma solidariedade mecânica como método de coesão social. E em uma dessas redes, o famigerado X (mais conhecido pelo seu antigo nome, Twitter) não só tem uma série de normas, mas também criou-se no imaginário popular dos usuários dessa rede, que eles tinham o direito de criar um falso "tribunal".
E o que seria esse tal "tribunal do Twitter"? A resposta é simples, quando uma pessoa foge da série de normas coercitivas, páginas maiores sentem-se no direito de atuar como juízes e julgar essas pessoas. Esse ato conhecido como a cultura do cancelamento, como não é positivado e nem pensado, muitas vezes foge do controle podendo ser fatal.
É claro, todos sabemos que muitas vezes os cancelados realmente estavam no erro, como alguns que disseram publicamente apoiar a criação de partidos nazistas. Porém o cancelamento às vezes atinge pessoas que não necessariamente merecem uma atitude tão drástica, como o caso da menina em 2023 que se suicidou após ser exposta por páginas grandes que não cabem ser ditas aqui, e isso tudo ocorreu por uma fofoca que não era sequer verídica.
Obviamente, isso acontece quando componentes de um grupo social maior - o país como um todo - falha, tendo em vista que é obrigação do estado não permitir que as forças de punir estejam na mão de qualquer pessoa que não teve o ideal estudo para executar uma punição. Que aliás, não deveria existir, pois o código penal garante no artigo 345 que ninguém - sem as forças legais para isso - deve
fazer justiça com as próprias mãos.
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