De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade constitui um corpo social que almeja a coesão, ou seja, o funcionamento dela seria em função da manutenção das normas, da ausência de conflito. Dito isso, com o avanço tecnológico e com o aumento da complexidade da divisão entre os humanos, aquilo que a tornava coesa deixou de ser um costume que seria ensinado para as crianças de forma natural conforme elas cresciam e foi incorporado por instituições de forma a criar indivíduos que cumprissem com as necessidades do corpo, garantindo que eles não quebrassem sua “coesão”, assim dizendo, a coerção passou a ser incorporada de forma intencional e objetiva.
Dessa forma, após a Revolução Industrial e, com ela, a consolidação do capitalismo industrial, a coerção saiu do âmbito familiar e passou a fazer parte dos ambientes de formação de indivíduos, de forma a prepará-los para sua especialização dentro do corpo social. Uma vez que, de acordo com Durkheim, dentro das sociedades com sistemas mais complexos, a coesão estaria na divisão do trabalho.
A partir disso, o sistema de educação passou a ser fundamental no que tange a coerção de indivíduos para as suas ocupações dentro da divisão do trabalho. À classe trabalhadora, uma educação expositiva seria-lhe fornecida, uma vez que sua ocupação no espaço de trabalho seria puramente mecânica, não caberia-lhe reflexões. Logo, a arquitetura de presídios e escolas terem a mesma base é coerente, já que ambos tem o objetivo de moldar, coagir, aqueles que os frequentam.
Dentro disso, a alienação do ser humano e a sua redução a uma “célula” do corpo social só é alcançada após coerções morais e de instituições (ambas são intrínsecas uma à outra) durante seu desenvolvimento, antes de seu reconhecimento como indivíduo. A escola tradicional, recebendo o ser humano em seu momento de menor consciência sobre si, cumpre o papel de agente coercitivo de forma implícita e bem sucedida, alienando todos que passam por ela e almejando para suas vidas aquilo que o corpo social necessita dentro de sua divisão para manter a coesão.
Em suma, a alienação humana por meio de coerções é necessária para manter a estrutura, a coesão, do corpo social capitalista, uma vez que ele se sustenta a partir da divisão do trabalho. A alta necessidade de pessoas para ocupar esses cargos torna a escola um dos principais ambientes de coerção do homem, moldando-o naquilo que o sistema, o corpo social, almeja.
Isabel Pereira da Silva Augusto- 1° Ano Direito, Noturno
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