A magreza sempre esteve na moda, mas em uma era globalizada,
com o fácil acesso às mídias sociais e às tendências de todo o planeta, a
idolatria ao “corpo ideal” tem sido perpetuada, principalmente entre as
mulheres jovens. Marcas, modelos, aplicativos e as chamadas “influencers” estão
o tempo todo reafirmando a magreza como padrão estético e comportamental, o que
pode ser comparado com o conceito de fato social - em que maneiras de agir, de pensar
e de sentir exercem uma determinada força sobre os indivíduos, obrigando-os a se
portarem de acordo com as regras da sociedade - explicado pelo sociólogo Émile
Durkheim.
Nessa linha de raciocínio, pode-se destacar, por
exemplo, o leque de métodos de emagrecimento que circulam nas redes sociais e a
quantidade de desinformação a respeito deles. Atualmente, o mais famoso deles
tem sido o Ozempic, que em nota à BBC News Brasil, o fabricante do medicamento
- laboratório Novo Nordisk, explicou que ele é indicado para o tratamento de
adultos com diabetes tipo 2, porém, como um de seus efeitos foi a perda de
peso, ele passou a ser usado por pacientes que queriam emagrecer. Assim, a
propaganda exacerbada da droga advinda de seus consumidores no campo midiático fez
com que muitas pessoas começassem a tomá-la sem acompanhamento médico, gerando múltiplas complicações de saúde.
Dessa forma, nota-se o caráter coercitivo do fato
social. No entanto, fazer um tipo físico uma tendência de comportamento e
estilo de vida é grave e prejudicial à integridade humana. Isso porque os meios
para atingir esse objetivo são capazes de colocar a saúde em risco e predispor, nesse caso, a
distorção da imagem corporal - desencadeando distúrbios alimentares, ansiedade
e depressão. A mídia e a indústria da dieta e do fitness têm papel fundamental
nesse aspecto, pois capitalizam sobre a insatisfação corporal dos indivíduos e
promovem a “beleza ideal” cada vez mais inalcançável para benefício próprio.
Em suma, vê-se que há muito pouco de individual em
comportamentos sociais. Além disso, com o intuito de evitar a anomia e manter a
coesão social (definida pela classe dominante), a sociedade, muitas vezes,
fomenta hábitos e costumes que deterioram e desconsideram grupos sociais, como no
culto à magreza e na promoção do “corpo perfeito” supracitado. Posto isso, o
corpo social é eventualmente induzido a se modificar para garantir a sua sobrevivência e a sua
inserção ao meio, desconsiderando as consequências que isso pode trazer.
Maria Laura Alves Nicolussi
Direito Matutino
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