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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Culto à magreza como fato social

 

   A magreza sempre esteve na moda, mas em uma era globalizada, com o fácil acesso às mídias sociais e às tendências de todo o planeta, a idolatria ao “corpo ideal” tem sido perpetuada, principalmente entre as mulheres jovens. Marcas, modelos, aplicativos e as chamadas “influencers” estão o tempo todo reafirmando a magreza como padrão estético e comportamental, o que pode ser comparado com o conceito de fato social - em que maneiras de agir, de pensar e de sentir exercem uma determinada força sobre os indivíduos, obrigando-os a se portarem de acordo com as regras da sociedade - explicado pelo sociólogo Émile Durkheim.

   Nessa linha de raciocínio, pode-se destacar, por exemplo, o leque de métodos de emagrecimento que circulam nas redes sociais e a quantidade de desinformação a respeito deles. Atualmente, o mais famoso deles tem sido o Ozempic, que em nota à BBC News Brasil, o fabricante do medicamento - laboratório Novo Nordisk, explicou que ele é indicado para o tratamento de adultos com diabetes tipo 2, porém, como um de seus efeitos foi a perda de peso, ele passou a ser usado por pacientes que queriam emagrecer. Assim, a propaganda exacerbada da droga advinda de seus consumidores no campo midiático fez com que muitas pessoas começassem a tomá-la sem acompanhamento médico, gerando múltiplas complicações de saúde.

   Dessa forma, nota-se o caráter coercitivo do fato social. No entanto, fazer um tipo físico uma tendência de comportamento e estilo de vida é grave e prejudicial à integridade humana. Isso porque os meios para atingir esse objetivo são capazes de colocar a saúde em risco e predispor, nesse caso, a distorção da imagem corporal - desencadeando distúrbios alimentares, ansiedade e depressão. A mídia e a indústria da dieta e do fitness têm papel fundamental nesse aspecto, pois capitalizam sobre a insatisfação corporal dos indivíduos e promovem a “beleza ideal” cada vez mais inalcançável para benefício próprio.

   Em suma, vê-se que há muito pouco de individual em comportamentos sociais. Além disso, com o intuito de evitar a anomia e manter a coesão social (definida pela classe dominante), a sociedade, muitas vezes, fomenta hábitos e costumes que deterioram e desconsideram grupos sociais, como no culto à magreza e na promoção do “corpo perfeito” supracitado. Posto isso, o corpo social é eventualmente induzido a se modificar para garantir a sua sobrevivência e a sua inserção ao meio, desconsiderando as consequências que isso pode trazer.

Maria Laura Alves Nicolussi
Direito Matutino

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