A diversidade religiosa no Brasil é uma característica marcante da sociedade, refletindo uma mistura única de crenças, rituais e tradições de diferentes origens. Entretanto, esta diversidade é acompanhada de obstáculos, principalmente para as religiões de matriz africana, como, por exemplo, a umbanda e o candomblé. Essas religiões, que têm raízes profundas na cultura e história do país, frequentemente sofrem discriminação e intolerância devido a estereótipos e falta de conhecimento. Essa problemática não apenas afeta a liberdade religiosa, mas também aborda questões mais amplas relacionadas à igualdade, respeito à diversidade e combate ao racismo.
O sociólogo Émile Durkheim formula em seu livro "As regras do método sociológico" (1895) um conceito necessário para entender essa problemática, a consciência coletiva. Durkheim a define como um conjunto de crenças e de sentimentos comuns de uma determinada sociedade, que forma um sistema e que tem vida própria. Além disso, a consciência coletiva também estabelece normas, padrões e valores da nossa conduta social. No contexto da intolerância religiosa no Brasil, a consciência coletiva desempenha um papel significativo. Durante o processo histórico, nosso organismo social foi moldado por uma consciência coletiva que valorizava crenças e tradições eurocêntricas, o que influenciou bastante na forma como nos posicionamos, principalmente em relação à religião.
Atualmente, é a consciência coletiva que marginaliza as práticas religiosas de origem africana, julgando-as como primitivas, inferiores e perigosas. No caso do último adjetivo, realmente elas são perigosas, mas não à sociedade, e sim aos valores estabelecidos pela consciência coletiva. As religiões de matriz africana representam uma ruptura com a coesão social, que precisa ser corrigida, ter uma resposta que coloque a coesão social de volta nos trilhos. Caso não consiga, haverá uma anomia, uma deterioração das regras que mantêm a coesão social e consequentemente, o adoecimento do organismo social.
Portanto, compreender como a consciência coletiva influencia na formação de estereótipos e preconceito é essencial na elaboração de uma ação ao combate da mesma. É fundamental desenvolver estratégias para promover uma sociedade que adote um modelo que atenda ao tamanho de sua diversidade, valorizando o respeito mútuo e a equidade. Assim, tornando a sociedade em inclusiva e harmônica de fato.
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