Na contemporaneidade, a estrutura social vigente favorece a continuidades de atitudes discriminatórias. O machismo, por exemplo, é entendido como um sistema de crenças e comportamentos que privilegiam os homens em detrimento das mulheres, sendo um fenômeno complexo que permeia diversas sociedades ao redor do mundo. Estendendo o machismo para um contexto sociológico mais amplo, é possível recorrer à teoria funcionalista de Émile Durkheim, que busca entender a sociedade como um organismo coeso, no qual diferentes partes desempenham funções específicas para a manutenção da harmonia e ordem social. Sob esse viés, o sociólogo argumentava que as instituições sociais, como a família, a religião e a educação, desempenham papéis essenciais na coesão e estabilidade da sociedade.
Em primeiro momento, a família desempenha uma missão central na transmissão de valores, normas e papéis de gênero. De acordo com Durkheim, a família é uma das principais instituições responsáveis por socializar os indivíduos e integrá-los na sociedade. Logo, as normas de gênero internalizadas na família podem refletir e perpetuar ideias machistas, nas quais os papéis tradicionais são reforçados e as mulheres são frequentemente relegadas a posições subalternas.
Além disso, a religião também fornece um sistema de crenças compartilhado que une os membros da sociedade. E, em muitas tradições religiosas, encontra-se uma justificação teológica para a subjugação das mulheres, o que pode legitimar e perpetuar o machismo na sociedade. É possível citar também a educação, outra instituição-chave na teoria funcionalista de Durkheim, que desempenha um papel importante na reprodução do machismo, pois as escolas são espaços onde normas de gênero são reforçadas por meio de materiais didáticos, interações sociais e expectativas de comportamento.
Por fim, Durkheim enfatizava a importância da divisão do trabalho na sociedade, com diferentes grupos desempenhando funções especializadas para garantir a coesão social. Todavia, essa divisão do trabalho muitas vezes é estruturada de forma a privilegiar os homens, uma vez que o mercado de trabalho é caracterizado por disparidades salariais e falta de oportunidades de ascensão para as mulheres, refletindo e perpetuando assim o machismo estrutural.
Em suma, ao examinar o machismo à luz da teoria funcionalista de Durkheim, podemos entender como as instituições sociais desempenham um papel crucial na reprodução e perpetuação das normas de gênero. Reconhecer essas dinâmicas é fundamental para desafiar e transformar as estruturas e promover uma sociedade mais igualitária e justa.
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