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domingo, 29 de setembro de 2019

A criminalização da homofobia e o dever do Estado


Embora as relações homossexuais sejam presentes desde as sociedades mais distantes, a partir de certo momento passaram a não ser aceitas. Sabe-se que no Império Romano, por exemplo, muitas relações interpessoais  eram homoafetivas (principalmente entre homens). Em algum momento da história, porém, passou-se a entender que esse tipo de relacionamento era negativo e condenável, iniciando-se um processo de marginalização e ataque. No último século, revoltas e imposições populares começaram a mobilizar discussões que tornaram um pouco mais digna a vida da comunidade recentemente nomeada como LGBT+. Mesmo assim, os costumes tradicionais de quase todas as sociedades se pautam em intolerâncias, o que torna maior os desafios da luta pelo reconhecimento da população LGBT+.
     A discussão sobre a criminalização da homofobia foi, até pouco tempo, ignorada e protelada, até que no ano de 2013 o Partido Popular Socialista (PPS, atual Cidadania) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão visando a criminalização dessa prática. O debate que entra em voga é a grande discussão entre a validez ou não da interferência do sistema judiciário na realidade e nas legislações. Segundo McCann, esse tipo de ação é a ação direta, ou seja, se trata de uma ação prática do judiciário que altera o regimento.
     Uma pauta que deve ser sempre lembrada é que os mais afetados tanto por injúrias e quanto por criminalizações são as camadas inferiores da sociedade, os mais pobres, ou seja, a maior parte da população. A dúvida que paira é se essas pessoas terão acesso a esse tipo de garantia legal ou só serão penalizadas de uma forma diferente, além de não conseguirem utilizar desse meio a seu favor.
     Apesar disso, uma referência usada pelo ministro Ricardo Lewandowski, a autora Nancy Fraser, ajuda a ter noção da importância que tem uma decisão como essa, favorável à criminalização: embora o recente progressismo do pensamento não tenha se ocupado de reduzir as desigualdades estruturais e, com isso, o pensamento conservador, decisões simbólicas, como a da criminalização da homofobia, são passo importante para a mudança do pensamento e, assim, enfrentar as desigualdades. Fraser acredita em uma visão mais weberiana do que marxista, onde a sociedade não se dividiria apenas pela visão de produção, mas pelos grupos de status, que não teriam o reconhecimento social básico.
     A criminalização da homofobia é passo importante na busca pelo reconhecimento social e na garantia do respeito, o que se trata inclusive da efetivação dos direitos de personalidade, muitas vezes negados à comunidade LGBT+. Embora todos saibam que não cabe ao sistema judiciário legislar, cabe a ele fazer valer os dizeres da Constituição Federal. Se essa população é constantemente agredida por conta de sua condição de existência, cabe ao Estado protege-la, de forma que suas necessidades mínimas sejam cumpridas, como a todos os outros cidadãos, como ordena a nossa carta magna. 

Gustavo Carneiro Pinto
1º ano de direito - noturno

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