No início de sua carreira o jovem
Karl Marx deparou-se com um caso que lhe chamou a atenção: os processos por
roubo de lenha. Uma prática que era costumeira aos habitantes da região passou
a ser dada como algo criminoso, ilegal, porque a terra perdera seu caráter
coletivo e passava a ser reivindicada por um único cidadão, alegando-a ser ela
e tudo o que havia nela de sua posse e propriedade.
Depois de tantos anos, vemos que
a propriedade e o problema da posse ainda persistem. Ao analisarmos o recente
caso brasileiro do massacre do Pinheirinho, vemos com clareza essa
problemática.
Tendo em vista o termo “massacre”,
possuímos uma perspectiva perfeita do que foi esse evento. Uma pequena
população que havia se implantado em uma terra não utilizada é expulsa do
território e tem seus lares demolidos, sendo tratadas da forma mais degradante
possível, tudo para que o fim econômico se sobreponha ao fim social.
Ao promovermos uma análise do
caso, é impossível que não nos perguntemos a quem ou a que de fato serve o
Direito? Será que, de fato, esse ideal de justiça que procuramos e invocamos
existe? Ou é apenas uma ideia mesmo?
Para Karl Marx o Direito é apenas
mais uma ferramenta de dominação da classe dominante e que a ele serve, hoje
fica difícil saber quem é essa classe dominante, mas talvez o Direito tenha um
senhor, o capital, o lucro.
Com essa visão é difícil crermos
que esse quadro no qual nossa sociedade está inserida pode mudar, mas ao mesmo
tempo que vemos os operadores do Direito que servem ao lucro, também vemos
juristas que utilizam o Direito e buscam a justiça e isso é esperançoso.
É sabido que não podemos voltar atrás
e corrigir o passado, e que as cicatrizes sempre vão permanecer, mas podemos
olhar o passado e procurar não repetir os erros no futuro e também propormos
medidas afirmativas, a fim de amenizar as feridas do passado.
´ É,
ainda, parafraseando Eduardo Galeano, olhar a utopia e caminhar pra ela, a cada
passo nosso, a utopia segue dois adiante, mas para isso que ela serve, para que
nunca deixemos de caminhar! E, assim, poderemos em um futuro incerto e distante perguntar ao Direito, a quem ele serve, e que ele responda, "eu não tenho um senhor, eu sou de todos, sem distinção, sou sobretudo transformação"!
Louise F. de Oliveira Dias - 1º Ano/ Direito Noturno
Louise F. de Oliveira Dias - 1º Ano/ Direito Noturno
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