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domingo, 26 de agosto de 2012

"Deus me fará Justiça"


     O público fica ansioso por mais um capitulo da novela. Temas onde o vilão causa dor a mocinha, sendo punido no final de alguma forma, alegra o povo. A novela Avenida Brasil, baseada superficialmente em O conde de Monte Cristo e um dos assuntos mais comentados ultimamente, demonstra o conceito de solidariedade mecânica de Durkheim e o leva ao extremo. A punição pelas próprias mãos de alguém culpado, sendo a justiça falha ao penalizá-lo.
     A emoção ao ler sobre a vingança de Dantès, personagem da obra de Alexandre Dumas, contra aqueles que cometeram injustiças se propaga na vida real, na pulsão do público pela radicalização das penas para os criminosos. Podemos ver também, em O Conde de Monte Cristo, a vontade de punição, ainda que de um homem inocente, atinge extremos de violência, e como uma entidade superior surge como uma salvação para punir aqueles que o fizeram mal. “Deus me fará Justiça”, famosa frase do romance, mostra a crença de que mesmo caso a justiça terrestre falhe, a divina não. O direito penal é então visto como algo insuficiente e ineficaz, gerando uma sensação de impunidade, sendo necessária a intervenção divina para que a justiça seja feita.
     De onde vem esse ódio reprimido?  Para Durkheim, podemos ver isso como uma emoção pertencente à consciência coletiva, ao atual senso comum, sendo que o crime é uma ofensa a essa coletividade, a uma entidade transcendente. A solidariedade mecânica seria substituída pela orgânica, por uma racionalidade que faria com que as pessoas substituíssem a ânsia da punição, pela restituição do individuo na sociedade. Porém, como podemos perceber a sociedade ainda mantém a passionalidade, que leva muitas vezes a pensamentos retrógrados e incompatíveis com o momento de inovações que vivemos.  


Murilo Martins

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