Joaquim
foi um menino do morro carioca, de condições financeiras escassas, mulato,
filho de operário. Perdeu a mãe muito cedo e foi criado pelo pai e madrasta.
Logo perde também seu pai. Sua madrasta, para sustenta-lo, trabalha como
doceira na porta da escola pública onde ele frequentaria as aulas regularmente
se não tivesse que auxiliar a madrasta no trabalho. Todos esses revezes no
contexto político do século XIX, em que os olhos do Estado dificilmente se
voltavam a pessoas como ele.
A
história de Joaquim se assemelha a de muitos jovens em condições semelhantes.
Que alternativa resta a esse mulato do morro carioca, se não a marginalidade, a
miséria, a ignorância e a alienação? Pobre indivíduo à margem da sociedade,
certamente mais um dentre muitos outros jovens pobres que serão
estatisticamente tratados como a escória
da sociedade brasileira.
Para
Weber, essa análise precoce não é o bastante para se compreender as ações sociais
dos indivíduos. Embora as condições sócio econômicas de Joaquim pareça nos
levar a crer que a ele não resta nada além da pobreza e marginalidade, Weber
proporia uma análise mais minuciosa, tentando afastar os nossos valores da
investigação social e levar em conta vários outros fatores culturais e
individuais da pessoa humana, de forma que a análise deve compreender o ser de
maneira holística e individual.
Evidência,
leitor, de que essa análise parece mais pertinente está no fato de Joaquim ter
se tornado o maior escritor brasileiro de que se tem notícia. Presidente perpétuo
da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Maria Machado de Assis escreveu por
diversos gêneros textuais e é reverenciado até hoje pelos leitores e escritores
de todo o país.
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