Uma mulher
de classe alta, loira, branca, cristã, casada com um empresário de sucesso. Um
tipo ideal que a sociedade logo julgaria sob estereótipos dos mais variados. Se
olharmos a fundo, vemos que ela é uma médica, proveniente de uma classe
trabalhadora, torce para o São Paulo e gosta de ópera tanto quanto de micaretas.
O que
podemos tirar dessa análise? Que o individuo é único. Ele possui uma pluralidade
de valores que o condicionam e determinam suas atitudes. Olhar apenas o que é
determinado pela sociedade, que a moça rica e loira não deve ter cultura ou não
ter inteligência, vai de encontro com a crítica de Max Webber ao determinismo,
aquilo que “deve ser”.
Segundo
Webber, devemos combater esse tipo de olhar o mundo. O dogmatismo, leis que podem
ser falsas, mas são aceitas incondicionalmente, deve ser evitado e permanecer
apenas no campo da religião, não da ciência. O olhar da ciência deve voltar-se
para a sociedade, numa análise do indivíduo na sua singularidade de valores, não
generalizar.
Não podemos
criar leis universais para uma análise sociológica, pois quanto mais gerais elas são, mais distantes da realidade se tornam. Elas devem ser apenas um ponto de
partida, de onde começaremos uma análise mais profunda daquilo que ocorre no
real. E esse ponto de partida utiliza de um recurso, o tipo ideal, um projeto
daquilo que pode ser observado ao primeiro contato. Ele é abstrato, uma construção
metodológica e não deve ser levado como verdade.
Partindo do
tipo ideal para o individuo, poderemos entender mais a fundo o que ocorre de verdade,
deixando para trás presunções e afirmações sem veracidade. Torna-se assim, mais
fácil enxergar a médica que escuta Beethoven e lvete Sangalo, vê filmes
franceses e novelas mexicanas. O que não podemos deixar ocorrer é que os
tipos ideias ofusquem a nossa visão.
Murilo Martins
Murilo Martins
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