O Individualismo Metodológico para Max Weber é a análise
comportamental de uma sociedade através dos valores, da cultura, do local de
moradia daquela comunidade, entre outros aspectos que devem ser considerados,
afim de compreender a forma de agir dos seus indivíduos.
Considerando a Sociologia como uma ciência social, assim
como Weber pretende defender, essa análise extra condenatória, que visa a
compreensão da ação social alheia, sem o confrontamento de culturas, é um meio
imparcial de enxergar outras comunidades.
Um estudo sociológico, que embora não o busque ser, mas que
pode ser considerado como tal é o livro auto-biográfico “Não há silêncio que
não termine” de Ingrid Betancourt, ex-senadora franco-colombiana que passou
cerca de 7 anos como sequestrada das FARC na Colômbia. Embora seja um estudo
sociológico compulsório, ela não estava naquele meio por vontade própria, tendo
muitas vezes tentado fugir, sem sucesso como se vem a saber, seu relato é válido
na compreensão daquela comunidade terrorista, como é considerada no meio
internacional.
Não sendo ela uma socióloga e nem pretendendo o ser enquanto
em cativeiro, seu relato não é imparcial, mas sua análise dos guerrileiros e do
movimento em si vai se alterando conforme ela compreende melhor como funciona
sua estrutura e ela passa a enxergá-los como pessoas cruéis, sim, muitas vezes,
mas que trazem por trás de si uma história. Grande parte do quadro de
guerrilheiros é composto por colombianos de baixa renda que viram nas FARC uma
forma mais digna e com certo embasamento ideológico, embora hoje completamente
corrompido, de viver do que a vida de criminoso, porque essas eram suas opções
majoritárias, para não dizer únicas.
Ingrid Betancourt certamente faz juizos de valor, o que é
compreensível pela sua situação, mas ela se permite analisá-los, entendê-los
como comunidade e indivíduos, demonstrando que o Tipo Ideal formado
principalmente na mídia sobre os guerrileiros nem sempre corresponde à
realidade. Sendo assim, ela se utiliza do Tipo Ideal como proposto por Weber,
que não é o fim da pesquisa sociológica, ou seja, não é o que o sociólogo visa
buscar, mas o que ele tem como hipótese inicial, que pode ou não ser
comprovada. E se tratando de seres humanos, nunca é 100% confirmada; mas isso
não é ruim, só demostra que nós, seres humanos, somos mais complexos que meras
fórmulas e os “desvios comportamentais” são na realidade nossa individualidade
e personalidade aflorando.
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