Radicais
ou “Revolts¹” ?
Contudo,
outras partes do mundo são testemunhas da instabilidade do sistema capitalista:
A Europa, baluarte do capitalismo, hoje sofre com os efeitos do sistema
bancário e da especulação. Ásia e África ainda lideram a fome e a miséria em um
mundo onde 1 em cada 7 pessoas não consegue se alimentar.
Eis
que surge a antítese deste sistema: os partidos de esquerda, os quais
teoricamente zelariam por promover a redução das desigualdades e promoveriam o
Estado de Direito, apesar de terem conseguido vitórias nas últimas eleições
(por exemplo na Europa de hoje, no Brasil desde 2002.), são tachados de
traidores, por não se revoltarem contra o sistema. Ora, se estão usando o
próprio sistema (a dita democracia burguesa) para fazer modificações sociais,
por qual motivo o implodiriam? Será que o povo apoiaria também essa
mudança brusca e incerta, promovida pela extrema-esquerda? Talvez, na Ásia ou África onde não há perspectiva ao menos de alimentação, mas na Europa apesar das dificuldades, o sistema se adaptou mais uma vez. No
Brasil BRIC também não, em "desenvolvimento", sede da copa e das
olimpíadas não há espaço para "malucos".
É
justamente o embate entre esses dois modos de transformação que norteará esta
comparação com a teoria socialista científica de Engels, discutida em "Do
Socialismo Utópico ao Socialismo Científico". Para Engels, a síntese é a
formadora da história humana: teses e antíteses se chocando todo o tempo e
criando modificações, sínteses, que abrem caminho para novos choques. Portanto,
a metafísica, a teoria, não poderia ser o motor da história, mas sim, os atos.
O idealismo não seria uma ferramenta eficiente, e poderia tornar a visão dos
fatos distorcida, focando-se num ponto, não poderíamos ver o quadro geral.
Não
seria justamente esse o erro da auto-declarada esquerda revolucionária no
Brasil? Focar-se no idealismo revolucionário, enquanto não admite as conquistas
inseridas no próprio sistema e insiste em afirmar uma antítese sem síntese? Esta
antítese muitas vezes pautada numa realidade fixa, a qual, na verdade, se
modificou ao longo do último século?
Agindo dessa
forma, somente negando o sistema e sua transformação
– e ao mesmo tempo não
conseguindo cooptar pessoas para a causa revolucionária – a extrema-esquerda se
enfraquece e é tida como anacrônica e esquizofrênica, enquanto poderia ser a
fiscal das transformações governistas e promover ataques mais diretos ao
sistema, agindo por dentro dele, através do Direito, da Democracia, da
conscientização e das conquistas constantes, em vez de pregar o tudo ou nada
maniqueísta habitual. Que se lute por uma economia com intervenção estatal, pelo
bem-estar social, sem que sejam denominados esses agentes de pequenos-burgueses
ou “sociais-democratas”, mas que essas medidas sejam compreendidas como fases
de uma transformação maior, com o apoio de uma massa politizada e educada, algo
que não existe hoje, como demonstrado no início do texto.
É tempo de renovação e de criação de sínteses compatíveis com os desafios do século XXI. Que admitam os erros do passado e que criem novos caminhos para o futuro de forma realista e científica, não agindo de forma passional. A esquerda tem que ser radical no sentido de ir ao ponto central dos problemas e não de ficar num guerra cega,“revoltada” contra tudo e contra todos agindo como “revolts¹”.
¹ Revolts é um termo empregado pelos jovens para descrever seus colegas que agem como se não gostassem de nada, sem uma solução aparente. Simplesmente não concordam, e agindo passionalmente não resolvem seus problemas, ficando mau-humorados com todos ao seu redor.
É tempo de renovação e de criação de sínteses compatíveis com os desafios do século XXI. Que admitam os erros do passado e que criem novos caminhos para o futuro de forma realista e científica, não agindo de forma passional. A esquerda tem que ser radical no sentido de ir ao ponto central dos problemas e não de ficar num guerra cega,“revoltada” contra tudo e contra todos agindo como “revolts¹”.
¹ Revolts é um termo empregado pelos jovens para descrever seus colegas que agem como se não gostassem de nada, sem uma solução aparente. Simplesmente não concordam, e agindo passionalmente não resolvem seus problemas, ficando mau-humorados com todos ao seu redor.
Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.
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