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segunda-feira, 21 de abril de 2025

A anomia das redes

 

O conceito de anomia, elaborado por Émile Durkheim, refere-se a um estado de desorganização social em que as normas e os valores sociais se fragilizam. Para Durkheim, a coesão social exige um conjunto estável de regras morais que delimitam o que é permitido, esperado e desejável dentro de uma sociedade. Nesse sentido, a anomia representa uma falha nessa coesão, resultando em desorientação individual e instabilidade coletiva.

Nas sociedades modernas, marcadas por mudanças rápidas e profundas, a anomia costuma surgir em momentos de transição, de crise econômica ou de instabilidade política. No entanto, pode observar-se a intensificação desse fenômeno por meio das redes sociais. Com base nisso, essas plataformas têm transformado o espaço social, estabelecendo uma lógica de constante exposição, avaliação e, principalmente, comparação.

Ao contrário das instituições tradicionais - como a família, a escola e o Estado - as redes não possuem normas consolidadas, mas criam um espaço em que os valores se tornam voláteis, ou seja, o que é aceito, desejável ou condenável muda em questão de segundos. Dessa forma, essa ausência de princípios fixos e claros gera uma desorganização e uma instabilidade, pois os comportamentos nas redes entram em um estado de desequilíbrio, o que caracteriza a anomia.

Sob essa perspectiva, a ideia de Durkheim é um instrumento eficaz para analisar e compreender a sociedade das redes – esse estado de anomia. Logo, é urgente refletir sobre os efeitos dessa desregulação, já que a ausência de valores estáveis fragiliza a coesão social e o bem-estar individual.

Letícia Zanardo Morandi - Direito Matutino 

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