O conceito de anomia, elaborado por Émile
Durkheim, refere-se a um estado de desorganização social em que as normas e os
valores sociais se fragilizam. Para Durkheim, a coesão social exige um conjunto
estável de regras morais que delimitam o que é permitido, esperado e desejável dentro
de uma sociedade. Nesse sentido, a anomia representa uma falha nessa coesão,
resultando em desorientação individual e instabilidade coletiva.
Nas sociedades modernas, marcadas por mudanças rápidas
e profundas, a anomia costuma surgir em momentos de transição, de crise econômica
ou de instabilidade política. No entanto, pode observar-se a intensificação desse
fenômeno por meio das redes sociais. Com base nisso, essas plataformas têm
transformado o espaço social, estabelecendo uma lógica de constante exposição, avaliação
e, principalmente, comparação.
Ao contrário das instituições tradicionais - como a família,
a escola e o Estado - as redes não possuem normas consolidadas, mas criam um
espaço em que os valores se tornam voláteis, ou seja, o que é aceito, desejável
ou condenável muda em questão de segundos. Dessa forma, essa ausência de princípios
fixos e claros gera uma desorganização e uma instabilidade, pois os
comportamentos nas redes entram em um estado de desequilíbrio, o que caracteriza
a anomia.
Sob essa perspectiva, a ideia de Durkheim é um instrumento
eficaz para analisar e compreender a sociedade das redes – esse estado de
anomia. Logo, é urgente refletir sobre os efeitos dessa desregulação, já que a ausência
de valores estáveis fragiliza a coesão social e o bem-estar individual.
Letícia Zanardo Morandi - Direito Matutino
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