As mudanças na sociedade passam também pelos tribunais. Como
afirma Michael W. McCann, o posicionamento dos juízes está interferindo cada
vez mais na vida humana e na sociedade, o que mostra a expansão do papel do judiciário.
Segundo o autor, os precedentes legais influenciam também a formulação de
demandas particulares, intensificando as disputas e dando a oportunidade de
negociá-las.
Existem várias teorias pensadas para explicar este fato. Há estudiosos
que defendem que a complexidade do Estado resulta em um judiciário maior e mais
complexo, o qual, influenciado por sua função privilegiada, atua de modo que
suas decisões impactem de maneira mais forte na sociedade. Outra ideia é de que a atuação do judiciário
seria proveniente de uma demanda, ou seja, de um grupo, de alguma forma
relacionado à advogados, que defende a “revolução dos direitos” ocorrida “de
baixo para cima”, como citado por McCann.
Existe, em ambos os casos, a influência das elites no fortalecimento
no judiciário, utilizando-o de modo a atender os seus interesses. Os tribunais
oferecem uma “estrutura de oportunidade”, recursos que permitem que seja
vivenciada uma nova situação. Estes recursos, como vemos, são provenientes do Direito
e das instituições que o aplicam.
No caso de Ações Diretas de Inconstitucionalidade que tratam
sobre os direitos de minorias, como foi debatido em aula, os temas a serem
defendidos foram levados ao Supremo Tribunal Federal por conta de anos de
reivindicação de grupos que defendiam seus interesses. O fato de novos temas
terem espaço em tribunais mostra o início de uma maior implementação de
direitos e de um mais amplo espaço de discussão justamente pelo fato de o debate
ser em local de prestígio, denotando a alçada de direitos citada por McCann.
Apesar de parecerem políticas frágeis de início, essas
conquistas representam um grande esforço de grupos que lutavam pela “revolução
dos direitos”. Para McCann, as novas ideias, muitas vezes defendidas por grupos
políticos de acordo com seus interesses, fazem parte de processos
institucionais e lógicos contidos nos grupos que a defendem, incluso o
judiciário.
Os tribunais se fortalecem ao atuarem em questões que sejam
capazes de encorajar ou criar demandas públicas. Sua atuação em temas de
interesse coletivo mostram o seu grande poder de influência e decisão perante a
sociedade, já que provam sua capacidade de deliberar sobre temas do cotidiano.
As novas demandas criadas pelo judiciário encorajam que aqueles que buscam pela
“revolução dos direitos” continuem com os mesmos objetivos.
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