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domingo, 27 de maio de 2018

" A pele em que habito"


A busca por mão de obra barata e submissa ocorreu de forma constante na história geral antiga. O crescimento da União Ibérica deu-se a partir de suas colônias, as quais eram sustentadas pela mão de obra vinda da África, onde mercadores encontravam vantagens comerciais. Assim, a etnia negra considerada mercadoria era vista como inferior as demais, porém, o conceito de subordinação não permaneceu apenas no período colonial. Dessa forma, é perceptível que a democracia racial aparentemente vigorada pela Lei Áurea, somente permitiu ao negro liberdade da escravidão mas não a inserção social, por isso é válido analisar a eficácia de medidas como a lei de cotas, tentando reparar os reflexos dessa escravidão.
   A priori, é indubitável que o combate ao racismo chegue ao início do século XXI de modo forte e atuante, devido ao problema ser crescente na estrutura social do Brasil em virtude da durabilidade da escravidão neste país, além do descaso governamental da época em leis que amparassem os negros libertos, assim, resultando no posicionamento dos negros nas mazelas da sociedade. Destarte, a lei de cotas surge a fim de tratar desigualmente quem possui oportunidades desiguais, pois em uma análise histórica aponta que nunca entraram tantos negros na universidade, desta forma esta medida visa selecionar talentos negros, uma vez que para se utilizar das cotas deve-se prestar o vestibular da mesma forma que os demais candidatos. Desse modo, à luz do discurso de Barroso as cotas são exemplo do ativismo judicial, por ser um mecanismo para contornar o processo político majoritário quando ele tenha se mostrado inerte, emperrado, como no caso do racismo no Brasil.
   A posteriori, dado ao conceito de judicialização: questões de grande repercussão social e política sendo decididas por órgãos do Poder Judiciário, a lei de cotas torna-se um exemplo positivo desta, já que traz importância para essa discussão, a qual por muito tempo foi tratada na hipocrisia da inexistência do racismo no país, onde vive-se uma "libertação aparente", segundo Diva Guimarães  em seu discurso "A pele em que habito" na FlIP ( Festa Literária Internacional de Paraty)2017.
   Portanto, segundo Joaquim Barbosa, o qual o voto foi positivo para afirmação da Lei de Cotas "[...] Essas medidas visam a combater não somente manifestações flagrantes de discriminação, mas a discriminação de fato, que é absolutamente enraizada na sociedade e, de tão enraizada, as pessoas não a percebem."

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