Na contemporaneidade, com casos como o processo movido em
2003 pelo partido Democratas contra a adoção do sistema de cotas para negros e
pardos na UNB (Universidade de Brasília), sob a alegação de que as cotas seriam
uma forma de racismo, é possível verificar as controvérsias envolvendo o
racismo no Brasil.
Ao levantar essa questão, o partido supracitado deixa de
levar em conta os ecos da escravidão observáveis na atualidade, tais como a
visível desigualdade de oportunidades entre negros e brancos: enquanto os
primeiros têm suas capacidades e currículos postos em dúvida diante de uma
oportunidade de emprego, algo que perpetua o ciclo composto por inúmeras barreiras
que impedem o acesso a oportunidades por parte de todos os negros, o segundo
grupo só apresenta dificuldades se é pobre, sendo que representam minoria nesse
segmento.
O fato de a maioria dos pobres serem negros ressalta outra
consequência da escravidão, visto que estes são descendentes de escravos e
ex-escravos.
Ao promover a adoção de cotas, a política da Universidade
vai de acordo com a lei 10558/02 que estabelece, em seu artigo 1º : “ Fica
criado o Programa Diversidade na Universidade, no âmbito do Ministério da
Educação, com a finalidade de implementar e avaliar estratégias para a promoção
do acesso ao ensino superior de pessoas pertencentes a grupos socialmente
desfavorecidos, especialmente dos afrodescendentes e dos indígenas brasileiros.”
Deste modo, ressalta-se que tanto a universidade quanto o
governo federal, ao respaldarem tal lei, constatam que a divisão da população
brasileira em raças não é uma medida que reforça o racismo, mas sim, uma consequência
deste e busca combatê-lo, na medida em que, ao identificar as raças
marginalizadas, busca garantir-lhes igualdade material ao conceder-lhes,
através de medidas federais, condições que facilitem seu acesso às mesmas
oportunidades.
Isso é comprovado pela adoção, por parte do Supremo Tribunal
Federal ( que julgou o caso supracitado) , de uma postura de ativismo judicial,
haja vista que recebeu tal demanda e cumpriu seu papel ao resguardar um grupo
oprimido de tentativas de manutenção da
desigualdade( revogação das cotas, sendo as últimas uma medida de justiça
compensatória)- promovendo assim o princípio da equidade, ou seja, de um julgamento
justo.
Júlia Salles Correia- Turma XXXV de Direito. Turno: Matutino.
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