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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Nada é orgânico


“Nada é orgânico, é tudo programado”, assim como pode ser interpretado a partir dos versos de uma música da cantora Pitty, maneiras de agir ou pensar deixam de ter sua origem na consciência particular e passam a ser fixadas a partir do meio externo. Analogamente, o fato social estudado por Durkheim pode ser reconhecido pelo poder de coerção que opera sobre os indivíduos. Desta forma, ideias e tendências podem ser classificadas como fatos sociais já que muitas delas são genéricas e externas ao indivíduo.
Atualmente, o clamor pelo punitivismo tem essas características. O cenário politico e social o qual o Brasil está inserido faz com que parte da população propague discursos rasos disseminando ódio. Somado a isso, o processo de midiatização do judiciário transformou juízes em heróis dando a falsa impressão ao público de que a justiça será feita e só através dela o país estará livre de corruptos e dos altos índices de criminalidade.
Aparentemente, neste contexto, a máxima “olho por olho, dente por dente” se faz moderna. Quando parcela do povo brasileiro encontra no sistema penal uma maneira de vingar-se dos atos criminosos e aceita o despotismo judiciário em condenações sem provas materiais é a evidência de que a dignidade da pessoa humana é descartada e a ameaça ao Estado democrático de direito é real.
Diante disso, o clamor punitivista apresenta uma visível especificidade em existir fora das consciências individuais. O anseio por justiça a qualquer custo viola garantias fundamentais e muitas vezes é feito a partir de discursos com pouca reflexão crítica.

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