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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Durkheim e a violência


Desde o nascimento somos imersos em um mar de regras, condutas e costumes que nos exercem um poder de coerção e nos moldam ao longo de nossa vida. A mídia pode ser considerada um importante instrumento para a difusão de ideologias em nossa sociedade, sobretudo ao alimentar uma ânsia punitivista e um apetite de leão para excomungar e humilhar o próximo.
O que foi supracitado se enquadra na ótica durkheimiana visto que no fim do século XIX, o filósofo Émile Durkheim já observava os fenômenos sociais e perscrutava o comportamento da sociedade a fim de perceber os ruídos que poderiam afetar a harmonia. Destarte, Durkheim elaborou o conceito de Fato Social para definir maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e que exercem um poder de coerção sobre o mesmo.
Ademais, o sociólogo elaborou o conceito de solidariedade, baseada no grau de consenso entre os indivíduos e que pode ser ramificada em mecânica e orgânica. Para ele, a solidariedade mecânica era típica das sociedades primitivas, na qual não há divisão social do trabalho e ocorre o predomínio do direito punitivista, visando uma pena desproporcional ao crime, a fim de impactar e fazer ressoar para o restante da sociedade. Por outro lado, a solidariedade orgânica é característica da sociedade moderna, marcada por uma divisão social do trabalho bastante complexa e pela preponderância do direito restitutivo.
Apesar de vivermos em uma sociedade moderna, nossa verve arcaica ainda se faz presente. A mídia e os veículos de comunicação, muitas vezes valendo-se de seu poder de influência perante as pessoas, desprezam os Direitos Humanos, defendem políticas de encarceramento em massa e perpetuam o ódio. Comumente ouvimos frases como “bandido bom é bandido morto” ou “direitos humanos servem para defender bandidos” nos telejornais (Cidade Alerta, Brasil Urgente, etc), representando a personificação da exuberância difamatória.
Desse modo, faz-se necessário compreender a organicidade da sociedade moderna a fim de evitar que incorramos em uma anomia. De forma análoga, o direito restitutivo é o sistema nervoso, cuja tarefa é regular harmonicamente as funções do corpo. Portanto deve ser respeitado a fim de alcançarmos a verdadeira modernidade.

Vinícius de Oliveira Zawitoski - Turma XXXV (Noturno)

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