Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 9 de abril de 2018

A sociedade orgânica através da sociedade mecânica


Segundo Durkheim a sociedade na qual vivemos pode ser explicada como orgânica, pois é complexa e envolve diferenciação individual e social. A coesão é dada por regras que estabelecem direitos e deveres que culminam nas normas jurídicas. Em contrapartida há a sociedade mecânica, onde os indivíduos compartilham as mesmas noções e valores sociais, sendo essas ações que trazem a coesão.
Esses conceitos nos ajudam a entender a sociedade porque com eles outros conceitos podem ser compreendidos. No tipo de sociedade “primitiva” (mecânica) encontra se o direito repressivo, que não tem o intuito de ser justo, preza pela desproporção da lesão na medida que satisfaz os anseios da coletividade; mas na sociedade orgânica prevalece o direito restitutivo, nele se analisa o grau de dano causado, para que então se instaure uma pena proporcional. Sendo clara a restituição como principal meio dentre as duas opções para promover a justiça social, porém mesmo uma sociedade sendo orgânica não necessariamente todos os setores serão contemplados com esse grau de coesão.
Um exemplo atual dessa realidade é colocada pelo caso do ex-presidente Lula, que vem sofrendo um processo penal no qual a sociedade brasileira está acompanhando fortemente o decorrer da demanda judicial. Nesse caso os interesses são opostos ao direito, o fato social está interferindo no julgamento, pois a prioridade deixou de ser o direito para se tornar a satisfação comunitária. Essa explicação advém do não esgotamento recursal da segunda instancia, assim determinado pelo STF.
 Do ponto de vista durkaniano esse fato social pode ser interpretado a partir da “alma coletiva”, ou seja, o fenômeno de aceitação da violação de um direito é admitido devido ao movimento de entusiasmo das pessoas frente ao fim da corrupção. Sendo esse mesmo sentimento que leva os cidadãos a arrombarem os portões da delegacia para atingir o ex-presidente, ou os que através de uma corrente de pessoas tentam impedir a prisão dele.
Esse entusiasmo está passando a ser comum na sociedade, não se trata apenas de casos extremos como o linchamento, podem ser até mesmo em uma simples decisão judicial na qual o respaldo da comunidade sustenta a sua licitude, pois segundo o sociólogo Émile Durkheim “o contrato tem poder, mas quem dá legitimidade para ele é a sociedade”.



Nenhum comentário:

Postar um comentário