As ideias de Durkheim estabeleceram a base para o estudo sociológico na França e no mundo. De modo geral e sucinto, a sociologia seria o estudo das reais instituições (crenças e tradições) de uma sociedade, partilhadas pela maioria de seus membros. Para melhor entender essa realidade coletiva o estudioso criou o conceito de fato social, o qual teria três características básicas: generalidade, coercitividade e externalidade. Dessa maneira, para uma ação ser considerada fato social em determinada sociedade é preciso que esta afete a todos os indivíduos de maneira quase uniforme, coercitiva (independente de vontades individuais) e externa (é anterior ao indivíduo e orienta-se da coletividade para o mesmo, não deste sobre àquela). É considerado positivista mas se afasta do pensamento comtiano ao afirmar que as ações humanas, em sua maioria, possuem motivação social e não psíquica, como antes afirmava o pai do positivismo. Além disso, enfatiza que um fato social só é criado pela sua necessidade e a partir de condições sociais internas e funcionalmente adequadas que o condicionem, ou seja, de nada vale a vontade individual na origem de um fato, a necessidade da coletividade é seu gênese; e para a explicação do mesmo é preciso invocar as necessidades, causas eficientes, que o ocasionaram e deixar claro que estas independem da causa final do fato, ou seja, o "porque" do surgimento de um fato não tem a ver com o fim a que ele serve, tanto é que existem fatos sem finalidade alguma.
Além de explicar o fato social, expôs como estudá-lo. Primeiramente, é preciso tratar como coisa o fato observado, para ver a ação social como algo concreto, passível de estudo científico e evitar subjetivismos. O olhar do sociólogo observador deve ser impessoal, objetivo e analisar os fatos em comparação a outros fatos daquela sociedade, visto que cada uma possui sua "lógica". Ele adota uma visão relativista em comparação com o universalismo comtiano (que analisou as diferentes sociedades em um só patamar, classificando-as como inferiores ou superiores).
Em suma, para o francês, a coletividade tem predominância sobre a vontade individual e a primeira é responsável por orientar a segunda. Ou seja, tudo que somos e construímos é derivado de um sistema de tradições anteriores à nós, este, por sua vez, é fruto de uma consciência social/coletiva mais forte e que age sobre a consciência individual. No nosso sistema, cada indivíduo cumpre uma "função" e se associa a outros pelo papel desempenhado por cada um na sociedade, formando uma solidariedade; essa associação de indivíduos orientados por fatos sociais é o que caracteriza a sociedade.
Maria Clara Laurenti, diurno
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