Em
recente coluna no jornal Folha de São Paulo, o psicanalista Contardo Calligaris
abordou a questão dos chamados “lobos solitários”. Trata-se de indivíduos que
exauridos pelas pressões impostas pela sociedade e, sobretudo, pelas
instituições, rebelam-se de forma violenta contra essas. De acordo com
Calligaris, em uma época em que há “extremo controle coletivo sobre o indivíduo,
ele se revolta”.
Nesse
esteio, a teoria durkheimiana aplica-se diretamente aos casos de “lobos
solitários”, ao passo que Émile Durkheim iniciou uma tradição de pensar a
sociedade a partir de instituições que abranjam o coletivo e suas implicações
na dinâmica de funcionamento da sociedade. Essa relação faz-se inteligível, na
medida em que instituições se tornam cada vez mais forças propulsoras do
comportamento dos indivíduos, e, concomitantemente, há a difusão de uma
ideologia incipiente de individualidade, configurando uma tensão interna, que
se deflagra em atos de violências, tais quais os apresentados pelos “lobos
invisíveis”.
Geralmente, em atos de violência extrema, a proximidade entre indivíduos é um
mecanismo psicológico fundamental para superar o medo para execução de tal, no
entanto, os “lobos invisíveis” agem de maneira individual, possivelmente, em
resposta, ainda que indiretamente, a coletividade que rege seus comportamentos
diuturnamente, uma vez que “o grupo pensa, sente, age diferentemente da maneira
de pensar, sentir e agir de seus membros quando isolados”.
Dessa forma, encontrar o limiar existente
entre os anseios individuais e as vontades impostas pela coletividade é passo
elementar para se evitar a eclosão de “lobos invisíveis” na nossa cidade, bem
como articular uma ótica imbricada entre liberdades e a coerção dos fatos
sociais, por mais paradoxal que isso se apresente.
Paulo Henrique Lacerda - 1º Ano Direito - Diurno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário