Segundo Durkheim, o papel da educação é forjar o ser
social, incutindo-lhe regras, que, gradativa e resignadamente, são
interiorizadas. Portanto, este processo de socialização é responsável pela
imposição de visões e comportamentos que os indivíduos não alcançariam
espontaneamente.
Embora tal pensador tenha atuado na segunda metade
do século XIX e nas décadas iniciais do século XX, continua atual a sua
concepção acerca da educação, sobretudo, se considerarmos o contexto
educacional brasileiro.
No Brasil, independentemente do nível de ensino, não
predomina a educação plural, multilateral, emancipatória. Mesmo em
universidades, onde seria natural a abordagem de múltiplas perspectivas em sala
de aula, prevalecem vieses de interpretação da realidade. Não é incomum, na
condução das disciplinas universitárias, que docentes restrinjam a perspectiva
de análise dos fenômenos, especialmente os sociais, adequando-a a suas
convicções ideológicas. Como exemplo recente de tal ponderação, apresenta-se a problematização
do processo de impedimento presidencial de Dilma Rousseff, que costuma
desenvolver-se de maneira radical, alinhando-se à ideologia de “direita” ou à
de “esquerda”, conforme o professor mediador.
Até as tentativas de questionamento do contexto
supracitado, como o movimento “Escola sem Partido”, travestem-se de uma
pretensa neutralidade com o discurso defensor de práticas educativas
politicamente imparciais, contudo, trazem consigo propostas retrógradas, de
ranço conservador, com o intuito de cercear a discussão acerca da diversidade
sexual/afetiva, por exemplo.
Em suma, pode-se afirmar que a educação brasileira,
apesar de já avançarmos na segunda metade do século XXI, continua sendo
conduzida de maneira unilateral, a serviço dos grupos ideológicos mais
expressivos. Logo, revela-se premente que educadores, comprometidos, de fato,
com o desenvolvimento de seus alunos, encorajem-se a defender, formular e implementar
práticas educacionais multilaterais que permitam ao discente
construir/reconstruir o conhecimento como sujeito ativo do processo de ensino e
aprendizagem.
Marcos Paulo Freire - Direito Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário