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terça-feira, 9 de agosto de 2016

A Atualidade da Concepção Durkheimiana de Educação



  Segundo Durkheim, o papel da educação é forjar o ser social, incutindo-lhe regras, que, gradativa e resignadamente, são interiorizadas. Portanto, este processo de socialização é responsável pela imposição de visões e comportamentos que os indivíduos não alcançariam espontaneamente.
  Embora tal pensador tenha atuado na segunda metade do século XIX e nas décadas iniciais do século XX, continua atual a sua concepção acerca da educação, sobretudo, se considerarmos o contexto educacional brasileiro.
  No Brasil, independentemente do nível de ensino, não predomina a educação plural, multilateral, emancipatória. Mesmo em universidades, onde seria natural a abordagem de múltiplas perspectivas em sala de aula, prevalecem vieses de interpretação da realidade. Não é incomum, na condução das disciplinas universitárias, que docentes restrinjam a perspectiva de análise dos fenômenos, especialmente os sociais, adequando-a a suas convicções ideológicas. Como exemplo recente de tal ponderação, apresenta-se a problematização do processo de impedimento presidencial de Dilma Rousseff, que costuma desenvolver-se de maneira radical, alinhando-se à ideologia de “direita” ou à de “esquerda”, conforme o professor mediador.
  Até as tentativas de questionamento do contexto supracitado, como o movimento “Escola sem Partido”, travestem-se de uma pretensa neutralidade com o discurso defensor de práticas educativas politicamente imparciais, contudo, trazem consigo propostas retrógradas, de ranço conservador, com o intuito de cercear a discussão acerca da diversidade sexual/afetiva, por exemplo.
  Em suma, pode-se afirmar que a educação brasileira, apesar de já avançarmos na segunda metade do século XXI, continua sendo conduzida de maneira unilateral, a serviço dos grupos ideológicos mais expressivos. Logo, revela-se premente que educadores, comprometidos, de fato, com o desenvolvimento de seus alunos, encorajem-se a defender, formular e implementar práticas educacionais multilaterais que permitam ao discente construir/reconstruir o conhecimento como sujeito ativo do processo de ensino e aprendizagem.

Marcos Paulo Freire - Direito Noturno

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