O alto grau de complexidade dos fenômenos sociais fez
com que grande parte dos sociólogos modernos e contemporâneos se aprofundassem
nestes, a fim de extrair fatores como, por exemplo, sua causa, seu fim, sua
origem, como eles se apresentam cotidianamente e etc. Em capítulo de sua obra “As
Regras do Método Sociológico”, Émile Durkheim empreende uma discussão mais
aprofundada dos fatos sociais, questionando principalmente qual a relação “interno-externo”
que eles estabelecem.
Estabelecer o quanto o interior humano é capaz de
influenciar no comportamento do conjunto social ou quão responsável as
características do conjunto social são de interferir no psicológico individual
de cada um é uma questão bastante delicada, principalmente por exigir uma
abordagem de aspectos extremamente individuais de que muitas vezes não se tem
conhecimento. Entretanto, analisando-se casos de ampla divulgação,
principalmente na sociedade contemporânea, é possível perceber – como afirma o próprio
Durkheim – que é inegável como a própria coerção do corpo social, formado este
por sua vez com características próprias advindas da junção de distintos grupos
sociais, influi radicalmente na individualidade de cada um, podendo então
exacerbar ou coibir determinadas características psicológicas.
Os massacres em Universidades, mais comumente
encontrados nos Estados Unidos, são grande exemplo disso. Ainda que não se
possa negar que uma pessoa capaz de assassinar a sangue frio dezenas de
estudantes possua certamente tendências violentas ou sociopatas, tal fenômeno
social como um todo foi influenciado por uma sociedade que é taxada como egoísta,
individualista e excludente, e que tende a enaltecer figuras que conseguem se
encaixar neste universo ao mesmo tempo em que encaminha para o desajustamento
social as que se encontram distantes disso, ao invés de tentar promover uma inclusão
saudável das mesmas no ciclo social.
Tal questão é muito bem abordada no filme “Elefante”,
onde dois adolescentes – dotados de particularidades que destoam do que é
considerado aceitável ou normal em um típico ambiente escolar norte-americano –
tem tais particularidades voltadas para a violência conforme percebem, na
imensidão de lugares lotados e vazios ao mesmo tempo (justamente pela
superficialidade e pelo esvaziamento das relações sociais de onde se
encontram), que não são incluídos ou pertencentes àquele meio.
Dessa forma, ainda que sua visão positivista em muito
seja criticada atualmente, permanece muito presente a visão de Durkheim sobre
quão forte e dominadora é a coerção e a exterioridade do fato social, passando
muitas vezes por cima de nossas individualidades – ou nossa “psicologia” – e guiando-as
ao seu bel-prazer, conduzindo assim os fenômenos sociais como um todo.
Luiz
Antonio Martins Cambuhy Júnior
1º
Ano – Direito Matutino
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