A
terceirização dos diversos setores da sociedade brasileira é um reflexo do
processo que está ocorrendo no Brasil, a auto regulação do setor privado, tão
defendida pelo capitalismo, está novamente em alta e a ADPF 324 é mais um
exemplo dessa nova realidade.
Diante
desse cenário, as consequências são diversas e estão sempre relacionadas com a
flexibilização dos direitos trabalhistas. Essa modificação facilita a
contratação e, de início, diminui as taxas de desemprego, mas seu efeito a
longo prazo é muito mais profundo e preocupante.
Historicamente,
a abrangente liberdade de condições trabalhistas e de mercado suscitou em
explorações desumanas e em graves crises econômicas, superadas apenas com a
intervenção estatal. Devido a esses efeitos que os direitos trabalhistas foram
conquistados. Ademais, atualmente a tendência é a mesma do passado, com a
diminuição desses direitos para uma melhor movimentação do mercado.
Esse
posicionamento está realizando profundas mudanças no direito, as principais são
a reforma da previdência e a reforma trabalhista. Com essas transformações é
possível considerar que o Brasil se enquadra na definição de Antônio Casimiro
Ferreira de sociedade de austeridade, visto que sua estratégia para lidar e
superar a crise econômica que o país está enfrentando é movimentar a economia
com a facilidade de contratação decorrente da diminuição dos salários e
benefícios, a privatização do setor público e, para aumentar a renda do Estado,
o tradicional aumento de impostos.
A
austeridade é um modelo adotado em períodos de crises que faz com que a
população seja punida, ao tirar seus direitos com a flexibilização. É evidente
que o intuito é superar a crise, mas na prática não é isso que ocorre, muitas
vezes a situação piora com a adoção desse modelo, pois a única lucratividade
gerada com o corte de gastos causados pela falta de direitos trabalhistas é
direcionada para os grandes empresários, aumentando a desigualdade e diminuindo
o poder de compra da população.
Dessa
forma, observa-se que, por mais que seja necessário a adoção de novas medidas
pelo Estado, visto que o modelo atual é ineficaz por manter a crise econômica, a
solução não é a sociedade de austeridade e a decisão de provimento da ADPF não
deveria ser uma das medidas para garantir emprego para todos.
O
pensamento atual é de que o motivo determinante que impede o crescimento econômico
e social é o “excesso de direitos trabalhistas” que impossibilitam a manutenção
de pequenas empresas e que a única saída é superar esse período de proteção do
trabalhador por este não se sustentar nas novas demandas do mercado. Mas, como exposto por Antônio Casimiro Ferreira, esse
processo pode solucionar a questão do desemprego a curto prazo, mas as
consequências futuras alarmantes.
A
partir disso, é possível concluir que a demanda por mudança é real e urgente,
mas que a posição adotada pelo governo não é a mais adequada para a situação e
nem a mais benéfica, prejudicando a maior parte de sua população no processo. É
preciso superar essa visão imposta pelo capitalismo para sua própria sustentação
de que esta é a única solução para o problema e considerar que o motivo de toda
essa circunstancia de crise é o sistema adotado que prevê essas crises como consequência
de sua existência.
Anna Beatriz Abdalla
1° ano direito noturno
Anna Beatriz Abdalla
1° ano direito noturno
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