Sendo carregados da África rumo ao Brasil a
fim de mater abastecido o mercado do tráfico negreiro, os povos de etnia negra
foram constantemente expostos aos mais variados perigos e descasos. Sendo
considerados até mesmo como seres inferiores, animalizados, suas condições de
vida eram precárias e visavam o mínimo no intento de prolongar os lucros
proporcionados ao senhor que os detinha.
Em vista dos abusos e maus tratos impostos
aos escravos e devido à pressão inglesa para o fim da escravidão e incremento
do público consumidor para seus produtos industrializados, o movimento
abolicionista ganha espaço no Brasil e pequenos ganhos começam a ser
alcançados. O fim do tráfico negreiro imposto por lei, e 1850, foi uma dessas
conquista no sentido de não mais conferir a condição de animais aos negros
escravos. Uma conquista rumo à sua humanização perante a sociedade.
Seguindo a linha histórica, veio, logo
após, a Lei do Ventre Livre, Lei do Sexagenário e, por fim, a Lei Áurea. Sendo
então libertos, os negros agora eram homens livres. Mas só homens livres.
Ainda marginalizados e apartados da sociedade
como um todo, os ex-escravos foram então empurrados para os morros e confins
das cidades; foram empurrados para os barracos, para os cortiços, para as
favelas. Por força da ação pré-contratualista, são considerados apenas homens
liberto e só. Não são eles cidadãos de fato. É a ação desreguladora do mercado
que precisa desestabilizar a sociedade para estabilizar a economia.
Com o surgimento do neoliberalismo, a
situação é agravada para a sociedade e, em especial, para os então apenas
libertos ex-escravos. O arrocho salarial, as privatizações e a diminuição de
investimentos no social acaba por afundar em caos a sociedade que já tinha por
si só muitos problemas. Em resposta ao modo FHC de governar, surge uma nova
força que busca reimplantar os valores de inclusão social, dando especial
atenção aos grupos marginalizados e empurrados para a degradação da condição
humana, ou seja, especialmente os mais pobre e, por consequência, os negros em
sua maioria.
A implantação de projetos sociais de
inclusão, como as cotas raciais, em sua generalidade, aparentam ter o ónus das
melhores intenções. Entretanto, tal ação esconde um problema de alcance
minimalizado que acaba por mascarar a sua verdadeira efetividade, posto que
somente boas intenções não produzem os efeitos de realmente integrarem na
sociedade os negros e seus descendentes majoritariamente marginalizados. Em
suma, com a manutenção da forte presença neoliberal e da influència do
pré-constratualismo, tais personagens não deixaram de ser meros homens livres,
não verdadeiramente cidadãos, posto que as ações da desregulação social em prol
da regulação econômica e a falaciosa e lenta inclusão social de tais
marginalizados apenas contribuirão para a manutenção da ideia de cidadania como
aspiração irrealista.
Aluno: Rafael dos Anjos Souza
Turma: Direito Noturno / Turma XXXII
Nenhum comentário:
Postar um comentário