No entanto, a questão deve ser vista com mais cuidado quando
trata do assunto da igualdade material, que necessita ser atingida, pois com a
igualdade plena problemas como desigualdade socioeconômica, racismo e
preconceito seriam excluídos por tabela. A luta para se alcançá-la é
extremamente difícil ainda mais quando a sociedade está mergulhada nos valores
capitalistas e neoliberais que apenas clamam por igualdade formal e priorizam o
individualismo. Portanto, devemos encontrar alguma forma de se atingir
igualdade material, a medida proposta pela UnB e aceita pelo STF foi ações afirmativas.
Boaventura de Sousa Santos define a sociedade em três, a
sociedade civil intima que goza dos direitos civis, políticos e
sócio-culturais. A Sociedade civil estranha que é um círculo intermediário,
sendo um misto de inclusão e exclusão social. E a última e mais afetada é a
sociedade incivil que não possui expectativas estabilizadas, já que, na prática
não tem quaisquer direitos.
A visão hegemônica do capital acaba por tornar os grupos que
foram desfavorecidos historicamente, caso dos negros em razão da escravidão, em
grupos hiper-excluídos, ou seja, os colocando dentro da sociedade incivil. Tal
exclusão se dá pela relação de poder desiguais, nesse caso, a sociedade civil
intima com relação a sociedade civil estranha.
A UnB com a instauração de cotas estava realizando ações
afirmativas com o intuito de promover as pessoas com descendências
afro-descendentes, em razão de como já dito da divida histórica pela escravidão
que até hoje aflige os negros, visto que muitos deles se encontram em contato
com a miséria e quase nenhum com ensino educacional. Mas o neoliberalismo por
si só exclui esses grupo da visão cosmopolita de mundo, e em razão disso a
Universidade de Brasília com aprovação do STF tiveram o intuito de realizar um
cosmopolitismo subalterno, ou seja, esse ato foi um “projeto emancipatório com
reivindicações e critérios de inclusão social se projetam para além dos
horizontes do capitalismo global” (Boaventura de Sousa Santos, 2003, p.29).
Em linhas gerais, as ações afirmativas de cotas são
essenciais para promover a sociedade incivil à pelo menos a se tornar uma
sociedade civil estranha, para que eles sejam efetivamente portadores de
direitos e saiam da condição de hiper-excluídos. Contradizendo dessa forma a
tendência global de se criar um mundo polarizado entre os hiper-incluídos e
hiper-excluídos. Além de que a presença de negros na universidade e consequentemente
no mercado de trabalho e altos postos de confiança é um eficaz instrumento de
luta contra o racismo e o preconceito.
Cauê Varjão de Lima
1º Ano - Direito Noturno.
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