A consideração da
consciência coletiva como massa unânime e sujeita somente à sua própria
inclinação cria um aspecto social de tradição que dificulta a percepção do
novo, advindo das transformações necessárias dos costumes e do modo de se
viver. O funcionalismo segundo a concepção do professor Genaro Alvarenga Fonseca, o
qual observa os processos e funções e tenta compreender a relação entre eles,
busca “mostrar a utilidade de um fato (que) não é explicar como se originou.
Pois as utilizações em que é empregado supõem as propriedades que o
caracterizam, mas não o criam” (DURKHEIM, p. 80). Logo, seu a fim não se faz
por causa, mas somente por consequência do fato e, portanto, não explica ou
cria, apenas expõe suas considerações.
A
sociedade contemporânea tem várias de suas exemplificações. O blogueiro,
jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto postou recentemente em sua
página a discussão recorrente de uma ação judicial para privar as babás ou empregadas
domésticas da possível humilhação em
serem expostas, a partir de uma diferenciação de vestuário ou de entrada
privada no local através dos setores de serviço ao invés do social, como não
pertencentes a uma determinada classe social em um clube na região de
Pinheiros, grande São Paulo. A alegação que mais chamou a atenção foi
feita por uma associada que se diz contra a ação da promotora Beatriz Helena Fonseca já que
sua própria empregada não se mostrava incomodada.
Esse
fato, além de expor uma questão de classe, é abrangida pelo funcionalismo. Essa
consciência coletiva dominante, através de uma causa eficiente que admite não
ser relevante quaisquer discussão ou modificação quanto ao assunto, influencia
de modo impactante ao ponto de minimizar a opinião ou reação dos afetados. Isso
ocorre pelo desejo em manter-se o equilíbrio social, que nesse exemplo,
significa o poder exercido pela superioridade de consumo, assim como se afirma
o autor “Em outras palavras, é a parte que cabe a determinado fato social no
estabelecimento da harmonia geral ( DURKHEIM, p. 83). Essa seria a necessidade
geral do organismo social da sociedade de classe: manter a segregação da
relação.
Talvez
se a sociedade fosse uma fusão de todas as consciências individuais seria mais fácil
torná-la justa, mas pertencendo ao
âmbito coletivo, a facilidade de se omitir um direito – das babás ou empregadas
domésticas em se reconhecerem como vítimas de preconceito – e de se criar uma
consciência hegemônica – através dos associados ao desvalidarem a importância
da causa – chega a ser natural para o funcionalismo, como parte da sociedade
orgânica. Mas como este não explica nem cria, a manutenção da segregação das
relações por ele fica só como um possível fato da natureza da vida social, causado
na verdade por veias bem mais profundas.
Introdução à Sociologia - aula 6
Karla Gabriella dos Santos Santana, 1º ano Direito - Diurno
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