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segunda-feira, 7 de abril de 2025

 

Percepção do errado: uma definição que te afeta. 

- Um mundo fora de ordem ou uma ordem fora do mundo? 

A realidade que nos deparamos quando acordamos muitas vezes nos desamina, a sensação de impotência frete a tudo nos engole a cada dia. A partir disso surge um dos dilemas que separa a sociedade: há hoje no mundo muitas coisas “erradas”. Dependendo de como se interpreta essa frase, e do que se atribuí como “errado”, o indivíduo constrói-se no mundo e limita sua percepção do que o rodeia.

É fácil atribuir um discurso conservador quando se fala de “desvios” na atualidade, há inúmeras falácias que vinculam termos pejorativos a comunidades marginalizadas e atribuem a essas o conceito de desviantes. Não é necessário ir longe para ouvir tais discursos. Apresentando-se em mesas do almoço nas típicas famílias brasileiras, seja ao se referir a alguém de dentro dessa ou de um caso de fora presenciado por eles, eles já estão presentes a tempos no país. Para uma visão conservadora o mundo está seguindo por um caminho que o leva a ruína. O mundo está indo para desordem.

Há, no entanto, uma outra visão às “coisas erradas”.

Um segundo ponto de vista nos apresenta a interpretação de que existe na verdade uma imposição social para com massas, majoritariamente compostas de minorias, de costumes ausentes de imaginação sociológica. Tão irreais e impossíveis de se realizar que pouco a pouco adoece essa população, coisas erradas de serem propagadas. Frases famosas como “trabalhe enquanto eles dormem”, ou promessas falsas a partir de receitas milagrosas, seja de dietas esplendorosas que oferecem um rápido emagrecimento ou de remédios milagrosos que curam tudo, vendem-se online diariamente. Nenhum desses produtos cumprem com suas promessas, mas se fixam como uma nova ordem a dominar, não somente a economia, mas outros ramos da vida intima como os afetos, o trabalho e a saúde.

Ainda há costumes errados, seriam aqueles que, normalizados pela sociedade, fomentam a violência no meio. Tais como a objetificação da mulher, que gera ondas de machismo e feminicídio; ou a subalternação da população negra que a matou, e mata muito desses até hoje, além corroborar para criação de um sistema estruturalmente racista que perdura até o século 21.

Ademais, trazendo para o campo sociológico e aprofundando encontramos uma relação dessa percepção de “coisas erradas” na teoria de Auguste Comte ao nos depararmos com as noções de “desorganização” e “reorganização” social. A primeira surge da indignação social com os erros de sua realidade e traria consigo caos e desordem à comunidade, o conflito. A segunda se mostraria na tentativa de reequilíbrio dos pesos, uma compensação que busca a “paz” e organização, um conserto. Num ciclo sem fim de interpretação de “erros” e “desvios” teríamos esses dois polos alternando ou sobrepondo-se.

Por fim, independente de qual percepção que se interprete como “errado”, o ser construirá uma percepção sobre essa que influenciará sua visão de mundo e lhe dirá se está mais fácil ou mais difícil de acordar e encará-lo.

Maria Clara Moro Genesini, 1º ano de direito - noturno.  


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