Um mundo fora de ordem ou apenas a desordem capitalista?
O título "Um mundo fora de ordem ou uma ordem fora de mundo?" do evento promovido pelo “Afronte!” convida à reflexão sobre as disfunções contemporâneas, questionando se o caos atual é uma consequência de um mundo desajustado ou se é a própria ordem imposta que não corresponde às reais necessidades do planeta e de seus habitantes. A partir de temas como a ascensão do populismo, as crises ambientais, o conflito entre Israel e Palestina e a luta por direitos das pessoas trans, é possível perceber que as instituições e estruturas que regem o mundo contemporâneo estão em desacordo com os princípios de justiça social, igualdade e sustentabilidade. Dessa forma, torna-se urgente repensar a ordem estabelecida, que muitas vezes promove desigualdades e destruição, em vez de garantir o bem-estar coletivo.
A ascensão de líderes populistas, como Donald Trump, ilustra
a desordem política contemporânea, onde políticas como a retirada dos EUA do
Acordo de Paris evidenciam a negligência dos acordos internacionais e do meio
ambiente. O nacionalismo e a rejeição da ciência ambiental revelam uma crise na
ordem política, motivada por um capitalismo neoliberal que prioriza lucros em
detrimento da sustentabilidade. Essa crise ambiental é parte de uma falha
estrutural na economia global, com a exploração insustentável dos recursos
naturais e o aumento das desigualdades sociais. Assim, o desprezo pelos limites
ecológicos agrava problemas como aquecimento global e escassez de água,
refletindo um modelo econômico insustentável e distante das necessidades reais
da sociedade.
A questão geopolítica também revela a incoerência de uma ordem mundial que ignora os direitos humanos e perpetua conflitos. O caso da Palestina é um exemplo de como a comunidade internacional tem falhado em buscar uma solução justa para as disputas territoriais, permitindo que a ocupação de territórios e a violação de direitos básicos se perpetuem ao longo dos anos. A falta de uma resolução definitiva para o conflito entre Israel e Palestina demonstra como a ordem política internacional frequentemente ignora as demandas por paz e justiça, priorizando interesses estratégicos e geopolíticos que pouco consideram as vítimas desse conflito.
No mais, a luta por direitos das pessoas trans, por meio de políticas como as cotas, também reflete um sistema social desajustado, porque, embora as cotas busquem corrigir desigualdades históricas, elas ainda enfrentam resistência de setores que preferem manter a ordem existente, que marginaliza a diversidade e perpetua a discriminação.
Em suma, o mundo vive uma crise multifacetada, onde a ordem
estabelecida não responde às necessidades urgentes do presente. Se a
"ordem" que temos é insustentável, discriminatória e destrutiva, seria está de fato uma ordem ou apenas a desordem mascarada? Em vez de um sistema que favorece poucos e
prejudica muitos, é preciso buscar uma nova ordem, mais inclusiva, justa e
sustentável, capaz de restabelecer o equilíbrio entre as pessoas e o planeta. A
desordem que vemos é, portanto, um reflexo de uma ordem que precisa ser
urgentemente reavaliada e transformada.
Anna Lívia Izidoro Ferreira, 1° Direito Matutino
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