Caracterizando
seu método dialético, Marx e Engels se referem com frequência a Hegel como o
filósofo que formulou os princípios fundamentais da dialética. Mas isso não
quer dizer que a dialética de Marx e Engels seja idêntica à dialética
hegeliana. Pelo contrário, ” Meu método dialético — diz Marx — não só é
fundamentalmente diverso do método de Hegel, mas é, em tudo e por tudo, o seu
reverso. Para Hegel o processo do pensamento que ele converte inclusive em
sujeito com vida própria, sob o nome de ideia, é o demiurgo (criador) do real e
este, a simples forma externa em que toma corpo. Para mim, o ideal, ao
contrário, não é mais do que o material, traduzido e transposto para a cabeça
do homem". (Karl Marx, palavras finais da 2.ª edição do t. I do "O
Capital).
Podemos
analisar o Direito pela dialética marxista, por exemplo, os direitos
trabalhistas: tais direitos não foram simplesmente dados aos trabalhadores.
Existiria uma tese que seria a exploração burguesa em cima do proletariado, e
uma antítese representada pelas reinvindicações trabalhistas. O resultado desse
conflito de ideias seria o surgimento de direitos trabalhistas, que não são
ideais para nenhuma das partes, mas é a síntese desse conflito.
Ainda,
acerca das interpretações de Marx sobre o Direito, este, discorda novamente das
ideias hegelianas, as quais veem o Direito de maneira idealizada, como se o
Estado exprimisse o interesse geral e garantisse a aplicação dos princípios
morais e realizasse a liberdade humana. Contudo, Marx acredita que o Direito
seja tendencioso e auxilie na manutenção da desigualdade social, uma boa
exemplificação disso seria a integração de posse no bairro dos Pinheirinhos em
São José dos Campos, na qual 2000 famílias foram desocupadas, por supostamente
estarem erradas ao ocupar aquela área, que agora não passa de um terreno vazio.
A respeito
das ideias socialistas de Marx e quanto as suas aplicações nos dias atuais, vemos
que as tentativas de adoção do sistema socialista não foram tão bem-sucedidas,
como podemos citar pela URSS. George Orwell em sua obra “ A revolução dos
bichos” exemplifica muito bem o resultado de tal regime nas palavras finais do
livro quando diz “ As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de
um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez, mas já era
impossível distinguir quem era homem, quem era porco”. É importante ressaltar
que Orwell não criticava as ideias marxistas, mas sim, o regime soviético que
se dizia socialista, mas se manteve bem longe dos ideais propostos por Marx.
Talvez, a análise que podemos exprimir disso é que o próprio homem, em sua natureza,
seja como aquele proposto por Thomas Hobbes e não consigamos viver em harmonia
uns com os outros, estando em uma constante luta para sermos superiores.
Em contrapartida, vemos que o capitalismo de fato passou
por várias crises ao decorrer dos anos como por exemplo a de 1929, a crise
imobiliária de 2008 entre outras, contudo o sistema ainda se mantém em
praticamente em todo o território global. Mesmo nações como a China que dizem
ter o seu sistema político socialista, se sentem compelidas a fazer concessões
ao sistema capitalista e entrarem no comércio global, este é o chamado
socialismo de mercado. No caso da China, através das Zonas Econômicas Especiais
(ZEEs), criadas durante o governo de Deng Xiaoping e mantidas pelos governos
posteriores, e são áreas especificamente destinadas para o direcionamento da
atividade industrial a partir do oferecimento de vantagens para atrair
investimentos estrangeiros e que garantiram o posicionamento do país como uma
das maiores economias do mundo atualmente.
Jordana Martins Perussi - Direito XXXV matutino
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