A sociedade capitalista tem suas
relações sociais determinadas pelo modo de produção que é caracterizado pela apropriação do fruto do trabalho social pelo proprietário
dos meios de trabalho. Dessa forma, surge a chamada luta de classes que cria um abismo entre os
pólos acumulação de riqueza e de miséria.
Para
Marx, o materialismo dialético tem como missão desvendar as leis do
desenvolvimento histórico e a partir desse método é possível perceber a maior contradição
da ordem burguesa: a superprodução. Esse fenômeno cíclico é causado pelo
excedente de produção em comparação com a demanda do mercado, ocorrendo uma desaceleração
da circulação de mercadorias e aumentando a taxa de demissões/desempregos.(1)
As pessoas desempregadas passam a se encontrar em condições precárias de vida e
moradia sendo obrigadas a escolher pagar o aluguel de sua casa ou comprar
alimentos. É nessa situação que o MTST define sua ação, através de ocupações
como a Ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo do Campo, como “a possibilidade
de fazer valer o direito constitucional das famílias que querem negociar sua
permanência no terreno e garantir suas moradias ou de validar o direito de
propriedade de quem descumpre a lei”. (2)
Com
o pensamento marxista é possível concluir que a ideia de direito a propriedade
é universal, porém, quando é confrontada com a realidade, percebe-se que esse
direito está restrito à uma particularidade (apenas a uma classe dominante).
Assim, o MTST pode ser visto como um exemplo de movimento que percebe a ilusão
do direito (pregada por Hegel como sendo uma forma de suprir as
demandas da evolução do homem em sociedade, ou seja, um pressuposto para
felicidade) e a partir disso busca seus direitos reais através das ocupações de
terrenos urbanos. Ele é considerado tanto como uma antítese (indo contra o
direito da propriedade privada, tendo uma influência menor das relações de produção
em suas vidas), quanto síntese da dialética materialista do direito, um
resultado das inúmeras lutas internas e externas que existiram na história da
luta de classes.
“A ocupação tem para nós um sentido
muito maior do que a luta por moradia: é uma forma de formarmos novos
militantes para a luta, de construir referência nos bairros de periferia e de
mostrar para os trabalhadores que – com união e organização – temos poder de
enfrentar este sistema.” (http://www.mtst.org/quem-somos/a-organizacao-do-mtst/)
Fontes Utilizadas:
(1) https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/manual/14.htm
(2) http://www.mtst.org/mtst/nota-do-mtst-sobre-a-ocupacao-povo-sem-medo-de-sao-bernardo/
JÚLIA SÊCO PEREIRA GONÇALVES - DIREITO MATUTINO
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