O filme Ponto de Mutação, dirigido por Bernt Capra e lançado em 1990, traz a tona o questionamento em relação ao método cartesiano (aquele que analisa os fatos separadamente, resolvendo de maneira isolada os diversos problemas existentes em nossas próprias vidas ou até mesmo na sociedade em geral). Esse embate é representado através da figura de uma cientista, que ao discutir e refletir com um candidato a presidência dos Estados Unidos e um poeta, expõe seu pensamento baseado em um modelo sistêmico, onde todas as formas de vida presentes na Terra são interdependentes e devem ser analisadas em conjunto, de maneira sustentável a fim de que as próximas gerações se mantenham saudáveis.
A crise de percepção do ser humano, denunciada sabiamente pela personagem, continua presente nos dias atuais e parece intensificada ainda mais a medida em que a população se torna escrava do crescimento, tornando-se a cada década mais imediatista. A dificuldade em enxergar todos os sistemas da vida como um todo é exemplificada de maneira inteligente durante a discussão quando a todo momento o político questiona a cientista: "Como introduzir seu pensamento dentro da política?" não percebendo que dentro de uma sociedade aonde os cidadãos pensem nas conexões, naturalmente essas ideias chegarão até as esferas públicas que serão "auto-organizadas" de maneira saudável.
Pode-se notar o caráter atual da obra pois nos dias de hoje o egoísmo se faz muito presente. Diante dos acontecimentos políticos do Brasil, a falta do olhar para o outro, o modo mecânico de não sentir além de suas necessidades os anseios do próximo, acirra os ânimos e distancia a conquista da harmonia e do bem comum dentro de um diálogo construtivo.
Felipe Pereira Polesel - 1° ano Direito Matutino
Nenhum comentário:
Postar um comentário