Quando
Fritjof Capra lançou em 1983 o livro “O Ponto de Mutação”, provavelmente não
imaginou (mesmo que tivesse esperanças de que isso ocorresse) que cerca de 20
anos depois, temas como interdisciplinaridade do conhecimento, transversalidade
da educação estariam tão em voga.
A
obra de Capra, adaptada para o cinema, gira em torno de três personagens-tipo, uma
cientista, um poeta e um politico, representações de linhas de pensamento, que
debatem sobre soluções dos problemas que cercam o planeta e a humanidade. Através
da personagem da Física, o autor defende que o problema está na percepção
reducionista-mecanicista, que deveria ser transformada em uma visão sistêmica, identificando
as relações de fatos particulares de um sistema levando em consideração o todo.
Pensar
nas partes e não no sistema trouxe desdobramentos negativos, mas não é possível
desprezar as contribuições que o pensamento mecanicista trouxe ao conhecimento.
Apesar disso hoje é muito comum um pensamento que busca uma nova abordagem das ciências
de maneira interdisciplinar, com uma percepção da conectividade das relações
entre a humanidade e a natureza, um exemplo disso é a observação realizada por
Neil deGrasse Tyson, astrofísico norte-americano de grande relevância e
evidência: “... quando eu olho para o céu à noite, eu sei que, sim somos partes
deste Universo, estamos neste Universo. Mas, talvez mais importante [...] é que
o Universo está em nós. [...] meus átomos vieram dessas estrelas. Há um nível de
conectividade ”.
Fritjof
Capra defendeu uma solução em sua obra, e hoje conseguimos ver que essa
percepção é compartilha por pensadores de diversas áreas, no entanto o mérito
do filme não está na apresentação de uma perspectiva que soluciona os problemas
apresentados durante o longa metragem, e sim em mostrar como se faz necessário,
em conjunto com a evolução das ciências, a mudança da perspectiva pela qual esse
conhecimento é abordado e consequente como será utilizado em suas relações com
a humanidade e o planeta.
O interessante do embate de ideias entre os
personagens é que na busca em alterar as ideias do próximo, as partes envolvidas,
viram seu pensamento ser mudado, os personagens contribuíram com seus colegas como se trocassem pedaços entre si, não se tratando apenas de um ponto de
mutação ou da mutação de um ponto de vista e sim de uma permutação, que tem
mostrado ser o caminho mais eficiente para a evolução.
Augusto César de Oliveira - 1º ano - Direito - Noturno.
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