Imagine um navio zarpando de um porto, e que ele em si represente o próprio mundo, que evolui e através do conhecimento e da ciência busca manter-se funcionando. Entre seus elementos: estão pessoas de diferentes classes sociais alocadas em uma complexa rede de cabines, compartimentos para o estoque do alimento necessário à viagem, sua estrutura de sustentação e engenharia que permitem a flutuação e integridade da embarcação , o motor, o combustível utilizado para a navegação, a cadeia de comando e os funcionários.
No barco, impera o mesmo sistema empregado em nosso mundo pós-moderno, a ciência é guiada pelo interesse político e econômico e restrita à primeira classe. A desigualdade é presente na sociedade do navio e as decisões tomadas favorecem apenas alguns dos viajantes. Entretanto, em certo momento da viagem a embarcação apresenta uma rachadura no casco, e segundo os modelos de pensamento atuais, estes ainda baseados nos métodos cartesianos e baconianos, o modo correto de proceder é sendo específico na resolução do problema, ou seja, substituindo como em um relógio a parte defeituosa. E assim, de forma prática segue-se a viagem, entre os desequilíbrios do navio. Isso mostra a crise de percepção vivida atualmente, já que imagine, se em um pensamento mais amplo e preocupado com a complexidade dos sistemas que nos rodeia, fosse possível visualizar que o problema na estrutura do navio é cronico e devido o peso presente na popa, onde localizam-se a maioria das cabines lotadas de pessoas das classes economicamente pobres, existe assim, uma conexão entre a piramide econômica, a distribuição das classes e a estrutura do navio. Deste modo, a rachadura e seu concerto só ocorrem devido à percepção das conexões que envolvem os sistemas. Surge assim, um novo modo de fazer ciência e perceber o mundo em nossa volta. Modo que substituí a visão mecanicista iniciada por Descartes.
Porém não é apenas na ciência que reside a crise de percepção. E a mudança na forma de entender e questionar o mundo é o instrumento para tomar o leme de nossa sociedade. É necessário entender que é a verdade imposta pelo capitão (nossos governantes, grandes grupos econômicos) que dita os rumos, sendo determinados por ele um caminho e não outro. Um exemplo: A ciência atual que nos encaminha ao corporativismo e ao mecanicismo, nos levaria a um outro destino completamente diferente se o foco de estudo permitisse uma abordagem diferente da ciência e focasse na conscientização e as consequências de nossas descobertas. assim, cabe a nós determinar nossos próprios caminhos e o de nossa sociedade. utilizando a ampla percepção da sociedade e do mundo para nos auxiliar.
Assim, na oposição de relógios e sistemas, é necessário tomar o controle de nossos destinos, entender que as formas de pensar serão sempre superadas, permitindo assim a evolução.
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