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segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Se analisarmos a história do Brasil, perceberemos que em boa parte desta houve um grupo minoritário, detentor do poder, que oprimia a maioria da população. Essa situação foi observada durante a monarquia, o período da República das Oligarquias, o governo varguista e, mais recentemente, o Regime Militar. Na verdade, tal situação, infelizmente, pode ser observada também nos dias atuais, mas com uma diferença: nos encontramos em uma democracia. Aliás, a atual constituição foi elaborada justamente no momento posterior a um período de muita repressão e, naquele momento, muitos desejavam direitos para toda a população, incluindo os grupos minoritários e sem tanta expressão social até então. Entre tais direitos está a liberdade de expressão.

Presenciamos na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP Franca uma violação de tal direito. Durante um evento que organizara uma palestra com Dom Bertrand de Orleans e Bragança, um grupo de manifestantes invadiu o anfiteatro gritando frases de apoio à reforma agrária e xingamentos como “nazista” e “assassino” ao chamado “príncipe”. Um dos argumentos dos manifestantes era o de que a universidade pública, enquanto espaço público e pertencente a um Estado democrático, não poderia tolerar a presença de alguém antidemocrático e que costuma fazer discursos de ódio – o que fere a constituição. No entanto, se a universidade é um espaço público pertencente a um Estado democrático não deveria garantir o direito da exposição das mais diversas ideologias e posicionamentos políticos? Além disso, considerando que muitos alunos presentes no local gostariam de ter assistido à palestra, não fora essa uma atitude também antidemocrática?

Claramente, a maioria dos alunos era contrária àquilo que Bertrand costuma defender em seus discursos, que em geral são bastante conservadores e agressivos. Mas, ainda assim, muitos queriam ter tido a oportunidade de assistir à palestra. Desse modo, cada um poderia a partir do que seria dito, formar a sua própria opinião acerca do tema, além de confrontar as ideias do palestrante através de um debate.

A organização do movimento estudantil foi válida, pois reuniu pessoas para a realização de um debate a respeito dos discursos de Bertrand e do convite que este recebera para realizar a palestra na UNESP (no momento anterior à palestra). Esse tipo de discussão é bastante importante no meio universitário e na sociedade como um todo. Contudo, da mesma forma que o movimento estudantil luta para que a universidade seja um ambiente para qualquer tipo de pessoa e para ter o direito de expor suas ideias sem que sejam reprimidos por isso, não deveria ter expulso um convidado da universidade sem ao menos dar a chance deste falar e daqueles que estavam presentes na palestra, escutarem. Uma atitude assim prejudica a imagem do próprio movimento estudantil frente a outros alunos e funcionários da universidade, além de dar oportunidade à mídia de destacar os pontos negativos das ações do mesmo, distanciando-o ainda mais do restante da população.

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