É difícil olhar para a realidade em que estamos imersos e arriscar dizer que o Capitalismo deu certo. Além dos problemas cotidianamente citados, como desigualdade social e o fato do proletariado trabalhar o ano todo em uma montadora de automóveis e não conseguir comprar um carro, que ajuda a fabricar, mesmo em anos de trabalho – a tal da alienação – há outros, como a ascensão de uma falsa igualdade entre os indivíduos, desde que eles produzam, consumam e não se rebelem.
Há em nosso
sistema a perpetuação de uma ideologia que prega a ideia de igualdade, sendo
escancarada em momentos em específicos, como 1. A pandemia em que estamos
passando: ela mostrou que ficar em casa é um privilégios que muitos não têm,
quem realmente consegue adaptar a rotina é privilegiado, pois com a ameaça, invisível
a olhos nus, à solta, grande parte das pessoas continuaram tendo de se submeter
ao transporte coletivo, rumo a uma rotina que não pôde ser interferida, já que a
normalidade deve ser mantida a qualquer custo – por mais que custe a própria
vida do trabalhador; 2. Quando há conflitos entre grupos que claramente possuem
um abismo os distanciando, sendo que, teoricamente, as conquistas chegam por
meio do próprio suor (meritocracia, taokey?),
mas sabemos que isso não condiz com a realidade, e quanto a este caso são
inúmeros os momentos em que a ideia de igualdade é derrubada, mas podemos citar
um recente que viralizou nas redes sociais: o motoboy humilhado pelo morador de
um condomínio de luxo, ao qual estava prestando serviço de entrega[1], as falas do playboy destilam ódio a todo momento,
além de derrubar a ideologia de que pessoas tem as mesmas oportunidades e são
iguais.
Percebe-se que
além de estarem economicamente e socialmente distantes, àquele que se encontrar
em uma posição mais favorável que outro externará a necessidade de humilhá-lo.
Enquanto o mais abastado não aceita desaforo algum, o segundo normalizou a
situação, entende que aqueles são ossos do ofício e que está sujeito a
enfrentar riscos e consequências. Inclusive, consequências essas que não
costumam atingir o que se encontra em condições melhores, já que a influência e
o dinheiro que detêm movem montanhas. Um dos casos citados anteriormente, do
motoboy humilhado pelo playboy,
apesar do primeiro levar o caso a uma delegacia, os pais do segundo
(influentes, diga-se de passagem) facilmente desfizeram o “mal entendido”,
alegando que o filho sofre de distúrbios mentais[2], assim, é possível que a
Justiça não consiga atuar da forma que deveria, já que em um contexto
Capitalista o dinheiro compra tudo – basta tê-lo.
Assim, a
igualdade não passa de uma ideologia pregada por àqueles que se encontram na
categoria de dominantes, já que seria uma forma de manipular as massas para que
elas sigam trabalhando e consumindo (até mesmo por quê são elas que movem a
economia), e claro, não se rebelando contra o sistema; porém, mesmo que se
rebelem, quem ganhará a luta será aquele com maior poder econômico, não
necessariamente o que possui razão, infelizmente.
[1] ENTREGADOR SOFRE OFENSAS RACISTAS EM
CONDOMÍNIO DE VALINHOS. G1. 07 de
ago. de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2020/08/07/entregador-registra-boletim-de-ocorrencia-apos-sofrer-ofensas-racistas-em-condominio-de-valinhos-video.ghtml. Acesso em: 21 de ago. de 2020.
[2] FAMÍLIA AFIRMA QUE AGRESSOR DE
ENTREGADOR TEM DOENÇA MENTAL. CNN Brasil.
08 de ago. de 2020. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/amp/nacional/2020/08/08/familia-afirma-que-agressor-de-entregador-tem-doenca-mental. Acesso em: 21 de ago. de 2020.
Ana Paula Rodrigues Nalin
Direito - Noturno
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