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domingo, 23 de agosto de 2020

Crítica à mais-valia pela teoria da utilidade marginal e a teoria subjetiva do valor.

A teoria da mais-valia proposta pelo filósofo e sociólogo Karl Marx afirma que, em alusão ao processo de exploração da mão de obra assalariada usada na produção de mercadorias, a mais-valia define-se como à diferença entre o valor final da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho que é a base do lucro no sistema capitalista. Todavia, na dissertação em questão discutiremos a problemática dessa teoria que moldou o pensamento marxista.

A teoria da mais-valia, de acordo com Marx (a teoria também é difundida por filósofos como Adam Smith e David Ricardo, derivando-a da teoria do valor-trabalho) trata de um processo de extorsão do meio da apropriação do trabalho excedente na produção de produtos, partindo da ideia de que a atividade econômica é essencialmente coletiva. 

Sob tal ótica, a teoria do valor-trabalho, relacionada à lei do valor, discorre que o valor econômico de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho que, em média, é necessário para sua produção. Em um exemplo clássico entre os teóricos dessa teoria é que, a razão pela qual um diamante é mais valioso que um copo de água é porque é requerido, certamente, mais trabalho em encontrar e extrair um diamante do que um copo de água.

Porém, essas teorias sofreram duras críticas pela revolução marginalista, que contesta Marx com a teoria subjetiva do valor e a teoria da utilidade marginal. Para Carl Menger, fundador da escola austríaca, o valor de um produto não está em si mesmo, mas na mente de quem o quer adquirir. O valor subjetivo só pode ser deduzido a priori, os produtos só tem valor porque as pessoas desejam estes produtos. Logo, quanto mais as pessoas querem esses produtos, maior será seu valor.

Exemplificando, suponha-se que uma loja venda duas camisetas, ambas feitas do mesmo material e seguindo o mesmo processo de produção, que demorou o mesmo tempo de trabalho. Porém, uma está estampada com listras vermelhas e outras verdes. Nasce uma recente moda de camisetas verdes, aumentando assim a demanda por essa camiseta, e consequentemente seu valor.

A criação do conceito e utilidade marginal também serve como uma crítica à teoria marxista. Essa teoria define-se como sendo o valor, para o consumidor, representado por uma unidade adicional de alguma mercadoria.

Exemplificando novamente: para um consumidor com fome, a primeira fatia de um pão teria uma utilidade enorme. Essa utilidade vai decrescendo à medida que se vai adicionando mais unidades. A décima fatia de pão já representará uma utilidade muito menor que a primeira, a trigésima, poderá ter uma utilidade quase nula ou negativa, se causar, em nosso consumidor, uma indigestão. Essa teoria pode se comprovar com a queda do preço dos barris de petróleo no ano de 2020, com a guerra comercial entre Arábia Saudita e Rússia, sua produção fora absurdamente aumentada, e pela lei da oferta e demanda, o preço do barril de petróleo foi derrubado. Nos Estados Unidos, o preço do barril de petróleo WTI, referência internacional, obteve incrivelmente um valor negativo. Esse valor negativo se deve ao fato de que o estoque do barril de petróleo tornou-se mais caro que seu valor, e a quantidade de barris tornaram-se muito maiores do que era demandado pelo mercado.

O paradoxo da água e do diamante, que intriga os filósofos e economistas desde séculos, mostra-se talvez respondido pela teoria do valor subjetivo. Ele mostra que a teoria de que era a quantidade de mão-de-obra destinada a produzir um bem que determinava seu valor provou ser igualmente fútil porque alguém poderia se deparar com a descoberta de um diamante em uma caminhada, por exemplo, que exigiria trabalho mínimo, mas ainda assim o diamante ainda pode ser valorizado mais que a água.

A teoria subjetiva do valor foi capaz de resolver esse paradoxo ao perceber que o valor não é determinado pelos indivíduos que escolhem entre classes abstratas de bens, como toda a água do mundo versus todos os diamantes do mundo. Em vez disso, um indivíduo atuante é confrontado com a escolha entre quantidades definidas de bens, e a escolha feita por tal ator é determinada pelo bem que uma quantidade específica satisfaz a maior preferência subjetivamente classificada do indivíduo, ou o fim mais desejado.

Então por que o diamante é mais valioso que a água? A resposta para essa pergunta é simples: nós damos mais valor à pedra de diamante porque ela é escassa e não damos tanto valor à água porque ela é abundante. A oferta e demanda faz-se valer, um copo de água é muito mais valioso que um diamante para alguém perdido no deserto, do que para nós que temos esse recurso em abundância, não importando assim a quantidade de trabalho realizado, mas sua necessidade. Destarte, prevalece, assim, a teoria da utilidade marginal, validando sua crítica à teoria marxista da mais-valia.


Lucas Magalhães Franco                    1° Período Noturno


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