No início do ano de 2020 o Brasil e o mundo fora impactado pela pandemia de COVID-19. Por conta do rápido e elevado contágio, além do número de vítimas fatais que começava a subir, as autoridades sanitárias concluíram que o meio mais efetivo para controlar o contágio em massa e a consequente superlotação de hospitais, que já vinha acontecendo em países europeus, seria o distanciamento social. A partir disso, governadores e prefeitos tomaram medidas que visavam garantir a segurança da população e o distanciamento, assim foram fechados o comércio e a indústria não essencial. Os trabalhadores foram para suas casas e a indústria fechou por tempo indeterminado.
Tal ação incomodou os empresários da indústria que, a exemplo da cidade de Franca/SP, foram às ruas para protestar e pedir pela reabertura de suas lojas e fábricas. Fizeram-no como se não houvesse um vírus matando e contaminando milhares de pessoas pelo mundo. Ao meu ver pensando apenas “no próprio umbigo”, no seu lucro. Deixaram de pensar na saúde de seus empregados e seus familiares, querendo os expor ao risco de serem contaminados.
Mesmo a pandemia não fazendo discriminação de classe há uma desproporção entre ricos e pobres vítimas fatais da doença, o número de óbitos por conta da doença é 60% maior em bairros de baixa renda, conforme aponta estudo realizado pelo epidemiologista e professor da USP, Paulo Lotufo. A desigualdade social faz com que a doença afete muito mais o pobre negro da periferia do que o rico, que mesmo sendo afetado pela doença possui meios para pagar por seu tratamento, enquanto o pobre fica a mercê do sistema público de saúde. Enquanto o rico tem condições de se manter em isolamento, distanciamento social, o trabalhador tem de voltar as atividades para gerar o sustento de sua família.
Diante desses apontamento voltamos no tempo e verificamos presentes o que fora escrito por Marx e Engels. A sociedade sempre foi e continua sendo marcada por um imenso abismo entre ricos e pobres, entre o empregador e o empregado, entre os conselho da indústria e o chão de fábrica. Mesmo diante de uma pandemia os ricos apenas ficam mais ricos, enquanto os pobres lutam diariamente por seu sustento e sua vida.
[1] DO UOL, em São Paulo. SP: Proporção de mortes por covid é 60% maior em bairro pobre que em rico. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/26/bairro-pobres-de-sp-tem-60-mais-mortes-por-covid-19-que-bairros-ricos.htm>. Acesso em: 23 de agosto de 2020.
[2] GRAGNANI, Juliana. Por que o coronavírus mata mais as pessoas negras e pobres no Brasil e no mundo. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53338421> Acesso em: 23 de agosto de 2020.
[3] G1. Patrimônio dos super-ricos brasileiros cresce US$34 bilhões durante a pandemia, diz Oxfam. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/07/27/patrimonio-dos-super-ricos-brasileiros-cresce-us-34-bilhoes-durante-a-pandemia-diz-oxfam.ghtml>. Acesso em: 23 de agosto de 2020
Lucas Santos de Oliveira - Diurno
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