A era hodierna se vê circundada por diversas crises. Dentre elas, a do contrato social. A ideia de renuncia das duas partes do contrato que um dia tanto lutou para sua afirmação se encontra difundida em exclusões. A crescente e desenfreada globalização modernizou todo o planeta, mas não são todos que podem gozar de seus efeitos. No Brasil, falar em meritocracia soa como uma piada de mau gosto. Os melhores lugares dos mais diversos setores estão destinados para aqueles que por eles podem pagar. O que nos difere do século XVIII é que a luta pela melhoria do sistema não envolve destruí-lo pra isso. As antigas revoluções nos presentearam com a solidificação do Direito bem como suas regras engendradas - e algumas cláusulas pétreas - para o funcionamento ordenado da sociedade.
Muito ainda é polêmico a questão das cotas raciais no Brasil. Essa vertente da exclusão moderna tem raízes históricas, de todo um passado de dominação, exploração, exterminação e negligência da população negra, justificados em critérios superficiais e falsos de superioridade e hierarquia de raças. A abolição da escravatura não colocou fim ao problema, criou outro maior. Quem acolheria essa população sem escolaridade e ensinada a obedecer sem nada receber em troca? Quais oportunidades esses indivíduos teriam perante uma sociedade predominantemente branca? Seriam para sempre taxados de ex-escravos. Por conta de uma mentalidade arcaica e de ideais difundidos e massificados erroneamente para embasar um comércio humano, ainda hoje se encontra dentro do brasileiro o preconceito. Os negros se encontram na maioria da classe média-baixa e na minoria dos mais altos cargos e vagas. A política de inclusão social nas universidades busca compensar todo um passado de exclusão. E é nesse sentido que o direito se encaixa. O meio para essa reforma - e não revolução. O meio pelo qual a sociedade busca incluir aqueles que não desfrutam do contrato social, sem acabar com o sistema, mas incrementando-o. O direito veio para estabilizar as relações humanas de reivindicações e desejos, bem como para possibilitar uma possível justiça - embora hoje ainda não evidente.
Ana Carolina Ribeiro - 1 ano - diurno
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