As
conquistas promovem a ganância. Prefere alimentar um herói hostil ou um monstro
de confiança?
O
sistema de cotas raciais em nosso país é uma afronta àqueles que possuem total
capacidade de serem aprovados, seja em concursos públicos ou vestibulares por
exemplo, independentemente de sua cor de pele. Considero que seja importante
sanar a dívida estatal frente ao povo negro de nossa nação, e que acredito sim
que a sociedade possua estigmas do tipo: quando se pensa em um médico logo se
vem à mente um homem ou uma mulher branca. Apesar disso, acredito que as cotas
raciais não resolverão esse problema cultural da sociedade brasileira.
A
meu ver, não é preciso possuir mestrado ou doutorado em história para saber que
aqueles que possuem vantagens frente aos demais jamais as abandonam, haja visto
os inúmeros exemplos como a Revolução Francesa, Revolução de 1930 no Brasil,
dentre outros. Repare que esses exemplos mostram que foi preciso uma ruptura
drástica na sociedade com a utilização da força para que se extinguissem
privilégios daqueles que estavam no poder. Portanto digo que as cotas raciais,
quando alcançados seus objetivos – se possível – se tornarão um grande problema
no futuro, o movimento a favor do privilégio como um verdadeiro Leviatã.
É
fato que a sociedade civil estranha e a sociedade civil incivil, como definida
por Boaventura, é constituída por sua maioria de afrodescendentes. Desse modo,
o estado brasileiro deseja acabar com desigualdades sociais tomando medidas que
somente servem de pretexto para promover eleições de determinados partidos. Os
privilegiados e seus representantes buscarão sempre mais e mais, não havendo
limites.
A
melhor forma de diminuir as desigualdades raciais ou até mesmo invertê-las é o
investimento na educação de base, onde se encontram a maior parte de crianças
negras. Não estou dizendo que esse processo será rápido, pois não será, mas
somente dessa forma realmente se combaterá o real problema. A promoção de cotas
sociais, baseada na renda familiar, também se faz necessário, na medida em que
o sistema atual, de cotas para estudantes de escolas públicas, beneficia com
falhas, visto que há inúmeros casos de estudantes com condições financeiras que
cursam o ensino médio na escola pública para obter vantagens nos vestibulares.
Outras
formas de combater tal problema seria a promoção da utilização do Direito,
tornando o Estado parte do movimento social, juntamente com a atuação nas zonas
de contato, locais onde ideias, saberes e formas de poder se repelem.
Ademais,
faz-se necessária a mudança imediata e o verdadeiro combate frente ao problema,
e não mais discursos ideológicos que somente prejudicam a nação. Mantendo-se a
ordem, é o que se chamaria de um monstro, os privilegiados, de confiança, sem
rupturas dramáticas.
Gabriel
Marcolongo Paulino – 1°Ano Direito/Noturno
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