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domingo, 22 de outubro de 2017

As cotas raciais como inclusão da minoria no debate elitista

Não vejo que as cotas raciais sejam uma manifestação do direito moderno com o papel de emancipação, mas sim um instrumento fundamental para encaminhar a este objetivo. Boaventura de Sousa Santos, que discursa muito sobre o papel do Direito na emancipação social, diz: “apesar das aparências em contrário, o Estado está hoje, mais do que nunca, envolvido nas políticas de redistribuição social – e, consequentemente, também nos critérios de inclusão e exclusão”. A Ministra Rosa Weber, do STF, diz na ADPF 186, referente as cotas raciais: “Necessária se faz, então, a intervenção do Estado, que tem ocorrido em especial por meio das chamadas ações afirmativas. É preciso adentrar no mundo das relações sociais e corrigir a desigualdade concreta para que a igualdade formal volte a ter seu papel benéfico. Assim, a desigualdade material, que justifica a presença do Estado nas relações sociais, só se legitima quando identificada concretamente, a impedir que determinado grupo ou parcela da sociedade usufrua das mesmas chances de acesso às oportunidades sociais de que beneficiários outros grupos. Se as oportunidades são limitadas, é necessário que todos os indivíduos e todos os grupos tenham chances equivalentes de usufruí-las ”.
Veja, a aquisição deste direito pelos negros de uma porcentagem das vagas de uma universidade, seria a forma mais eficaz, atualmente, de trazer mais pessoas destas cores ao Ensino Superior e enriquecer o debate de desigualdade nas universidades e na sociedade, que consequentemente levaria a maior discussão e questionamentos sobre a educação, e uma maior mobilização e pressão social. Assim, quanto maior for a mobilização, mais possível seria a concretização da ruptura da agenda conservadora vigente.
            Por parte de minha interpretação, o direito estaria “convidando” a sociedade a caminhar juntos numa luta, legitimada pelo Estado, para atingir uma transformação, seja ela uma reforma na educação, ou mais chances de um grupo de pessoas que foram e são oprimidas durante toda história brasileira conseguirem atingir uma vida mais digna com o diploma e o ensino da Escola Superior.
            Vale dizer que, muitas ferramentas do Estado estão sendo utilizadas para a promoção da participação e o debate de movimentos sociais. Como por exemplo o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que convida aos jovens a realizar uma redação refletindo sobre um problema ou causa social.

            Assim concluo dizendo que o direito é um instrumento fundamental para ser realizar a emancipação. Porém é de extrema importância também a predominância da participação popular, principalmente da população que sofre com preconceitos e com a desigualdade social.

Rodrigo Tinel Guerra, 1º ano Direito Diurno

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