A presença do perigo na relação ciência x opinião.
Nos dias de hoje o Brasil vive um grande problema no que diz respeito às relações sociais e políticas. Há uma crescente cisão ocorrendo na sociedade brasileira quando o assunto é política ou os políticos em si, fazendo com que discussões acaloradas ocorram e que muitas vezes acabem em grandes conflitos. Esse problema possui um fator que cada vez mais se apropria da forma de pensar de muitas pessoas, tal fator é um certo pensamento maniqueísta que polariza os indivíduos entre os bons e os ruins. Dentro deste problema o que irei desenvolver neste texto é uma visão a respeito do que pode ser uma das várias molas propulsoras desta problemática, a questão da não separação do que é um cientista social e do que é um político, conceito Weberiano a respeito do uso da ciência da forma mais objetiva possível, afastando o pensamento político partidário da ciência social.
Max Weber é um dos clássicos da sociologia e propõe um método próprio para a analise do objeto estudado pelo cientista social. Em sua teoria o cientista deve observar e analisar todas as opções do modo mais objetivo possível, Weber afirma ser impossível a total imparcialidade no estudo, porém neste caso deve-se procurar a maior imparcialidade possível. Também entra nesta equação o fato de o cientista social acabar por maquiar suas descobertas por ideias pre-concebidas, ou seja, colocando uma carga muitas vezes político-partidária no conhecimento científico, levando o mesmo a perder parte de sua objetividade. Este pequeno resumo teórico de Weber serve para demonstrar como é perigoso nos dias atuais do Brasil com a população dividida cada vez mais, o desrespeito à essa divisão entre, digamos assim, o cientista e o político.
Após a eleição presidencial de 2014 no Brasil, houve um grande aumento de uma certa divisão fervorosa entre quem votava no político X ou no Y, gerando uma discussão pouco baseada em fatos e ciência propriamente dita e mais baseada em intrigas políticas ou ataques pessoais a cada um deles. Neste cenário cabe nos perguntar como funciona a dinâmica dentro das salas de aulas, seja no ensino médio ou no ensino superior, bem como a enchurrada de opiniões que circulam na internet, mais especificamente de formadores de opiniões em destaque. O momento que o Brasil vive já deixa a mostra uma falta de pensamento crítico de verdade, ou seja, reflexões fervorosas em cima de fatos e estudos que possam colaborar para o avanço do cenário politico-social brasileiro. Nesta toada cabe dizer que alguns professores das ciências humanas espalhados pelo Brasil, também contaminados por esse problema na questão Weberiana descrita, acabam por extrapolar tais limites e lecionar ou ate mesmo publicar estudos que deixam de lado a questão científica e usam os mesmos para demonstrar seu "lado" na "batalha" política brasileira. O mesmo ocorre com alguns formadores de opiniões que seguem na mesma linha, infelizmente ignorando parte do lado factual científico para vociferar uma ideia pré-concebida.
Este caso relatado, mais uma vez, não é um diagnóstico mostrando a causa de tamanha cisão na sociedade brasileira, apenas uma reflexão a respeito de um assunto que tem certa relação com este problema. Grande parte do corpo doscente do Brasil e estudiosos levam muito a serio o estudo científico na área das ciências humanas em detrimento de suas posições políticas, apenas foi relatado que existem casos em vários locais do Brasil que essa margem não é respeitada. Ao finalizar este texto, cabe ressaltar que a medida do congresso chamada popularmente de "escola sem partido" não deve ser levada como uma ferramenta para resolver esse problema descrito, pois a resolução deste problema está mais próxima de uma reflexão individual e contato com o bom senso humano do que uma medida autoritária que poderia vir a censurar a disseminação do conhecimento no Brasil.
Gabriel Martins Raposo............................................................................................. Direito 1 ano - Noturno
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