Por
uma série de vicissitudes sejam históricas, sociais, culturais e econômicas, a
sociedade brasileira se erigiu orientada por um fio condutor desigual, fazendo
com que essa desigualdade se capilarizasse pelo tecido social brasileiro,
sobretudo, quando se pensa nos reflexos da escravidão para com os negros. Isso
ocasionou uma relatividade em escala institucional e social, que requereu por
parte do Estado ações com o intuito de reverter esse quadro, que serve de
lastro para o desenvolvimento esmo de nossa sociedade. Nesse esteio, ganha
relevo a política de cotas, que objetivam reparar esse quadro desigual.
Essa
questão nevrálgica para a sociedade brasileira e tudo que ela implica,
possivelmente, encaixa-se no pensamento de natureza de transição de Boaventura
de Sousa Santos, oriundo de um período de relatividade, que consiste em
questões complexas por ela suscitadas não encontrarem um ambiente
sócio-cultural condizente às respectivas respostas. Ou seja, por um forte
preconceito que permeia em nossa sociedade, a política de cotas, apesar de
todos os benefícios que traz encontra um movimento antagônico.
Além
disso, Boaventura é categórico ao sustentar: “Este não é um tempo propício à auto-reflexão.
É provável que esta seja exclusivo dos que gozam do privilégio de a delegar aos
outros. ” À luz da política de cotas, ainda que de forma incipiente, pode-se
inferir que não há uma real sistematização lógica acerca do pensamento de
sociedade tal qual o estruturado por Boaventura, um universo de interações
autônomas e contratuais entre sujeitos livres e iguais. Não se percebe que o
ingresso de negros em universidades de excelência é algo que estimulará o
pluralismo social e a efetivação do contrato social.
Por
derradeiro, pode-se analisar os projetos de inclusão na universidade como algo
que atinge “o magma mais profundo” de nossa estruturação social, na medida em
que ao significar um implemento do papel social do Estado, inviabiliza o
surgimento de “conservadorismo e uma maré ideológica contra a agenda da
inclusão gradual e crescente no contrato social.”
Paulo Henrique Lacerda - 1ºAno - Diurno.
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