Neoliberalismo e Direito: um tema mais que econômico, mas político. Boaventura de Souza Santos procura estabelecer a relação de uma esfera com outra. Traz à tona como, no atual sistema capitalista, prevalecem os interesses econômicos sobre os demais, deixando de lados as necessidades sociais e abrindo espaço para desigualdade, muitas vezes legitimando o que definimos como meritocracia. Tal estado econômico (Estado-neoliberal) não se afirma unicamente no nosso país, mas em toda a rede global, criando relações entre os sistemas de cada nação.
A discussão do julgado trouxe à
mesa desta vez o debate sobre cotas. Desde sancionada a Lei nº
12.711/2012 ) que garante a reserva de 50% das vagas nas universidades e
institutos federais para a alunos vindos integralmente do ensino médio público,
da educação de jovens e adultos, para também negros, pardo e indígenas,
opiniões divergentes foram fomentadas. Tal medida (ainda paliativa) vem com a
intenção de buscar maior igualdade e pluralidade nas esferas educacionais, e
ulteriormente profissionais. É fato que, com o sucateamento da educação pública
e com a elitização do saber em tempos passados, além da grande opressão e
exclusão histórica de raças e culturas diferentes, tal espaço se torna
visivelmente esbranquiçado e pertencente aos de classe média. Para Boaventura,
esta exclusão racial (negros, pardos e indígenas) do ensino médio e superior
(principalmente), remete-se ao que ele chama de momento pré-contratualista, o
que impede esse grupo de usufruir dos direitos dos demais, muitas vezes nem
considerados cidadãos dentro do círculo em qual vivem.
Já no lado oposto à essas
propostas, baseado na já citada meritocracia, alega-se que todos devem usufruir
de suas conquistas através de seu próprio mérito, sem que se pule obstáculos.
Destaca-se a ideia de que tais cotas formariam profissionais despreparados
para o ingresso no mercado de trabalho, além de obter o ingresso nas
universidades e concursos com mais facilidade que os de ampla concorrência, o
que nessa visão seria injusto.
Além do que é dito pelo lado
opositor à essa medida, é doloroso para a camada privilegiada da sociedade
justamente ceder tais privilégios, na maioria das vezes conquistados por uma
posição econômica favorável. Como grande influenciador do Direito e também da
política, o poder econômico causa fricção em todos os setores, causando danos
aos interesses e planos sociais. Caso o contexto não seja favorável à
necessidade desses influenciadores, muda-se o próprio contexto, a própria
política, com o exemplo mais atual e próximo possível: o desmanche e o enfraquecimento
dos partidos de esquerda dentro do nosso próprio país.
É impossível que o Direito se
desvencilhe das influências monetárias, mas cabe a nós, jovens e futuros
juristas, resistir à qualquer tipo de opressão e combater a desigualdade fora e
dentro das universidades, não só adotando cotas, mas militando nos nossos
espaços de fala e conquistando cada vez mais amigos de luta.
Ana Carolina Gracio de Oliveira - Direito Diurno - 1º ano
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