Em sua teoria, Boaventura de Sousa
Santos denomina emancipação social, a
reação de resistência à regulação social,
um lutar pela inclusão no contrato social. A regulação das relações sociais
garantem os interesses da classe hegemônica. O autor acredita que a
reconstrução de uma forte tensão entre a regulação
e a emancipação social, seria uma
solução moderna para os problemas vividos na contemporaneidade.
Essa tensão deve ser regulada pelo
Estado. A reinvenção possibilitaria um alargamento da legalidade cosmopolita (ou contra
hegemônica) - o uso do Direito como forma de alcançar outras dimensões da
sociedade. Abrangendo a tutela de questões do capital, mas também, do social.
Uma experimentação estatal seria quando o Estado propõe medidas para emancipação social. Criando normas que promovem
a inclusão ao contrato social. Um exemplo seriam as cotas raciais. O caso da
UnB reservando cotas à candidatos negros (pretos e pardos) e índios de 20% do
total de vagas oferecidas foi alvo de uma ADPF (arguição de descumprimento de
preceito fundamental) por parte do partido Democratas.
Na ADPF, o partido defende as
medidas de ações afirmativas como política necessária para inclusão. Mas coloca
à prova a constitucionalidade da implementação destas ações baseadas na raça.
Defendendo um cenário para
reinvenção da tensão entre a regulação
e a emancipação social, Boaventura
diz ser necessário superar a perspectiva
hegemônica do Direito: independente (sem ideologia), previsível (clara
determinação da vontade do legislador), neutro. O Direito pode ser uma arma,
utilizado por qualquer lado, por isso a importância da tensão, da dialética.
As cotas são medidas temporárias que
visam inclusão, são a busca pela igualdade material. O ministro Lewandowski em
seu voto quanto à ADPF, cita Boaventura Santos, dizendo que há uma “[...] necessidade
de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não
produza, alimente ou reproduza as desigualdades.”
Talvez as discussões acerca do tema
sejam ainda mais calorosas em períodos, como o atual, em que existe uma ascensão
do conservadorismo. No qual a meritocracia é celebrada como garantia de
inserção ao contrato social.
Finalmente, vale ressaltar que o
contrato social é inter-gerações. O pensamento a longo prazo deverá ser a
solução para os problemas de inclusão.
Flávia Oliveira Ribeiro
1o ano - Direito matutino
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