Entende-se por cotas raciais, a reserva de vagas em instituições
públicas de ensino para grupos específicos classificados por suas etnias,
apresentando-se como ações afirmativas para reverter, gradativamente, o
histórico racista contra esses determinados grupos e acelerando o seu processo
de inclusão social.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade que as
cotas raciais para estudantes negros são constitucionais. Tal decisão
apresentou-se como um grande avanço para o exercício da cidadania daqueles que,
diariamente se veem excluídos dessa atividade.
Boaventura de Sousa Santos questiona em seu artigo se o direito poderá
ser emancipatório. Pode-se dizer que este é uma ferramenta fundamental para
assegurar o exercício da cidadania e a garantia de direitos. No entanto, ao
analisar a conjuntura político-social que vivemos atualmente, o direito ainda
se apresenta como uma área ainda extremamente conservadora na qual, sem a
presença das lutas sociais não será instrumento para assegurar uma emancipação
social às minorias.
Ao abordar o contrato social na sociedade, segundo a perspectiva de Boaventura,
também se faz necessária a luta pela inclusão dessa população no contrato
social. A população negra ainda se apresenta à margem desse contrato,
característica que pode ser constatada na observação do cotidiano nacional, no
qual são tratados com falta de respeito e como não merecedores dos mesmos
direitos que as demais etnias da população.
Outro tema abordado em seu artigo é o fascismo social, que consistiria
na existência de espaços dominados por grupos específicos. No caso em questão,
a Universidade, onde predomina uma maioria branca de classe média, excluindo os
demais grupos da sociedade. A existência das cotas possibilitaria que esses
grupos deixassem de ser hegemônicos dentro desse espaço, possibilitando aos
grupos marginalizados a perspectiva de pertencerem à locais que antes não lhes
era destinado.
O projeto de cotas desafia a “meritocracia” imposta por aqueles que
insistem em não abrir mãos dos privilégios que recebem sobre a massa explorada
da sociedade. Apresenta-se aí um dos principais motivos para buscarem sempre
boicotar a implantação dessas ações afirmativas. As cotas raciais na
Universidade pública são, até o momento, a melhor chance de inserção das
classes histórica e socialmente desfavorecidas, considerando o aspecto egoísta
da nossa sociedade que insiste em não proporcionar as mesmas oportunidades que
possuem os brancos de classe média e alta.
Camilla Bento Lopes Silva
Direito Noturno
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